Autor: Lara Brenner

‘Falta amor no mundo, mas também falta interpretação de texto’

‘Falta amor no mundo, mas também falta interpretação de texto’

Que me perdoem os analistas de funções, tabelas, números complexos e logaritmos, mas desenvolvi uma teoria baseada em nada além do que meus próprios olhos e ouvidos vêm testemunhando há tempos: considerável parte do desamor que paira hoje no mundo se deve à incapacidade de interpretação de texto. Sim, senhores. A incompreensão da Língua tem deixado as línguas (e os dedos frenéticos que navegam pelos teclados) mais intolerantes, emburrecidos e inacreditavelmente loucos.

Rir de si mesmo e achar graça nas pequenas coisas é o caminho mais rápido para a felicidade

Rir de si mesmo e achar graça nas pequenas coisas é o caminho mais rápido para a felicidade

Discípulos fiéis das rabugices filosóficas passam anos crendo que devem escolher entre ser felizes ou inteligentes, fingindo maus humores estratégicos que denunciam uma sapiência pungente, lançando olhares de tédio que comprovam o alto grau de discernimento e repetindo dezenas de vezes que aquele riso espontâneo nada mais é do que um lapso de inconsciência, uma recaída de estupidez.

A vida é muito curta. Coma a sobremesa primeiro

A vida é muito curta. Coma a sobremesa primeiro

Que coisa esquisita é este hábito de esperar. Espera-se o fim do dia para chegar em casa e descansar. Depois, o fim de semana para que a vida possa ter alguma alegria descompromissada. Aí, o feriado que se aproxima, as férias que se projetam, o ano do casamento, o nascimento dos filhos, a aposentadoria tão sonhada, o aniversário de 80 anos e, por fim, já com a cara desbotada de tanto esperar, espera-se pela chegada morte.

Cantar mulher na rua não vai te fazer comer ninguém

Cantar mulher na rua não vai te fazer comer ninguém

É sempre a mesma coisa. A mulher está andando pela rua, a pensar sabe-se lá em quê, quando de repente ouve aquela chupada de saliva — como se alguém estivesse sugando com um canudo as últimas gotas de uma lata de refrigerante — seguida da célebre frase “Gostosa! Ô, lá em casa!”. Criativos que são, alguns ainda arriscam outras chamadas igualmente agradáveis, como “Delícia!”, “Potranca” ou “Que rabo gostoso”. É… A baixaria atingiu níveis nunca antes vistos.