Autor: J.C. Guimarães

Agosto, de Rubem Fonseca: a honestidade como ficção Zeca Fonseca / Divulgação

Agosto, de Rubem Fonseca: a honestidade como ficção

Na madrugada de 24 de agosto de 1954, o então presidente da República, Getúlio Vargas, sacramentou com o próprio sangue a fama de raposa política. Houve uma crise institucional no país, e quando ninguém mais imaginava uma saída e se acreditou que a oposição enfim chegaria ao poder, Vargas conseguiu, uma vez ainda, e de forma trágica, surpreender seus golpistas. Para compensar o cadáver do major da aeronáutica Rubens Florentino Vaz e desequilibrar o jogo em favor já não de seu governo, mas de um estrategista excepcional, o presidente tomou a corajosa decisão de fazer de si próprio outro mártir.

O mundo de Joseph Conrad

O mundo de Joseph Conrad

Em 1902 apareceu um livro e tanto, “O Coração das Trevas”, de Joseph Conrad, o polonês que, segundo Otto Maria Carpeaux, decidiu tornar-se membro desta outra elite inglesa: a dos marinheiros. A classificação é pertinente. Depois de ler sua novela pela segunda vez, me parece que o escritor realmente não ficaria à vontade num figurino de grande burguês. “O Coração das Trevas” foi publicado na época eduardiana, mas contextualiza-se numa era que descende da rainha Vitória e extrapola a de Eduardo VII: o imperialismo, que tem início por volta de 1870 e declina em 1914.

Por que Picasso é Picasso

Por que Picasso é Picasso

Fala-se muito de Pablo Picasso. Todo mundo já ouviu alguma vez na vida falar em seu nome. E com justiça, visto que o espanhol é o Pelé das artes visuais. Os leigos neste assunto, naturalmente, não sabem definir porque, mas ele é o maior gênio da pintura desde Michelangelo. Bem, felizmente inúmeros gênios existiram para nos encantar, desde a Renascença. Mas a questão não é apenas de talento, e sim, também, de influência.

Joaquin Phoenix: um Coringa real e um louco brilhante Niko Tavernise / Warner Bros

Joaquin Phoenix: um Coringa real e um louco brilhante

As características básicas de todo filme de super-heróis são as seguintes: 1) pitadas de humor pastelão, 2) sonoplastia de arrebentar os ouvidos, e 3) excesso de computação gráfica. Em boa medida, são fórmulas para prender um público superficial e pouco exigente, cuja atenção precisa ser fisgada a cada dois minutos, senão começa a bocejar. Não há nada disso no filme “Coringa”, de Todd Phillips (2019).

Nós, um milagre à procura da autoextinção

Nós, um milagre à procura da autoextinção

Zumbis não existem, mas ET’s inteligentes, por mais que também nos assustem, constituem uma ideia realista. Ficções sobre invasão alienígena são menos irreais pelo tema (extraterrestres) do que pela lógica. Um conflito desta natureza possivelmente nem existiria. Se a tecnologia necessária para nos alcançar pressupõe velocidade da luz, dobras espaciais e buracos de minhoca, é deduzível que sequer teríamos tempo — e mesmo condições — de reagir a um ataque desta natureza.