Autor: J.C. Guimarães

Explicando a inexplicável arte pós-moderna Jeff Koons

Explicando a inexplicável arte pós-moderna

Exposição de arte, hoje em dia, parece feira de bugigangas. Citemos o exemplo de uma das mais influentes do mundo: a Feira de Artes de Basel, na Suíça. É a última referência em matéria de “tendências”. Na verdade, lá você encontra literalmente de tudo, sob a chancela da arte: objetos do cotidiano, itens de decoração, projetos, maquetes, gerigonças e, até, arroz com feijão: desenhos, pinturas e esculturas. Neste sentido, é quase como entrar nas lojas da Leroy Merlin.

O Drible, o livro quase perfeito de Sérgio Rodrigues

O Drible, o livro quase perfeito de Sérgio Rodrigues

Em “O Drible” Sérgio Rodrigues sobressai numa qualidade entre escritores brasileiros de sua geração: a imagística. Escrever por imagens — boas imagens — costuma ser uma virtude dos melhores escritores. A prosa é um gênero literário diferente da poesia por uma questão de grau. Autores como Guimarães Rosa e António Lobo Antunes, por exemplo, esgarçam essa fronteira. E a prosa também é diferente da linguagem comum ou neutra, da ciência, porque se utiliza amplamente (ou devia utilizar) de figuras de linguagem, como a própria metáfora, a metagoge, a metonímia. É o que proporciona a linguagem literária, “opaca”, que permite interpretação, conferindo valores estéticos ao trabalho do escritor.

Michel Houellebecq contra a humanidade Foto / László Mráz

Michel Houellebecq contra a humanidade

Podemos ser qualificados de “humanos” graças à combinação de dor com aquela outra espécie de padecimento exclusivo de nossa espécie: a paixão. O homem é uma criatura essencialmente trágica, e seus dramas constituem desde sempre o alimento da arte. O motivo para o emplasto Brás Cubas é a própria condição do personagem machadiano, e mesmo um certo Fréderíc Hubczejak — personagem secundário mas decisivo do livro analisado — só existe para refletir sobre a humanidade porque é demasiadamente humano.

História da Literatura Ocidental, de Otto Maria Carpeaux, um dos maiores testemunhos do humanismo no século 20

História da Literatura Ocidental, de Otto Maria Carpeaux, um dos maiores testemunhos do humanismo no século 20

“Livro” ou “biblioteca” é uma permuta aceitável para designar essa obra, na qual estão encerrados os mais importantes e até muitíssimos livros desimportantes de uma área inteira do conhecimento humano: a literatura. Longe de ser o único assunto que o erudito discutia com propriedade, já é o bastante para causar na gente verdadeiro espanto. A começar pelo tamanho invulgar. O percurso coberto se abisma de Homero, no século oitavo antes de Cristo, até Eugen Gomringer, poeta teuto-boliviano concretista da década de 1950. Sem nenhum favor ou chauvinismo, “História da Literatura Ocidental” é, com certeza, o mais completo painel da arte verbal de todos os tempos, em qualquer língua.

A ética de ‘La Casa de Papel’ e a perfeita definição de mocinho e bandido Divulgação / Netflix

A ética de ‘La Casa de Papel’ e a perfeita definição de mocinho e bandido

O cinema espanhol conseguiu realizar a série de streaming mais perfeita que existe, “La Casa de Papel” (2017). A perfeição a que me refiro não tem a ver com técnica (que interessa ao crítico de cinema), e sim com sagacidade. Criada pelo produtor e diretor Álex Pina, esse misto de suspense e drama — cuja linearidade é interrompida por flashbacks — é sobre um assalto na Casa da Moeda da Espanha por um grupo de oito criminosos mascarados de Salvador Dalí.