Tolstói, o autor que escancarou a injustiça dos tribunais e a hipocrisia da igreja
Tolstói se empenha em demonstrar o quanto os injustiçados são produtos mais do meio do que da própria vontade. Nesse sentido, há muito de naturalismo em sua visão do homem. É um grande cético quanto à possibilidade, em geral, de o sistema normativo de leis efetivar a justiça. Em parte porque ela é a base da opressão de uma classe sobre outra, não podendo aplicar-se igualmente a todos. Porque, se assim fosse, teria de punir seus cruéis aplicadores. A imagem sutil que criou para esta distinção de classes corresponde aos dois trens que saem em viagem: um lotado de prisioneiros e, logo atrás, outro conduzindo nobres entediados.