Uma quadrilha mascarada, um golpe milimetricamente calculado e uma narrativa que equilibra estratégia e emoção fizeram de “La Casa de Papel” um dos fenômenos televisivos mais marcantes da última década. Com personagens carismáticos, simbolismos fortes e reviravoltas constantes, a série não apenas conquistou o público, mas também redefiniu o potencial global das produções em espanhol no cenário do streaming.
Embora sua jornada evoque a melancolia social de “Eu, Daniel Blake” (2016), de Ken Loach, ou a introspecção de “As Confissões de Schmidt” (2002), de Alexander Payne, é a presença de Tom Hanks que dissipa qualquer comparação simplista. Com sua habitual maestria, Hanks transcende o clichê do velho mal-humorado, transformando Otto em um personagem ao mesmo tempo exasperante e cativante. Desde seus primeiros momentos em cena, ele se apropria do papel de forma tão singular que faz com que a interpretação de Rolf Lassgård na versão sueca se torne apenas uma referência distante.
O reconhecimento e a exaltação dos profissionais da saúde alteraram, talvez para sempre, a forma como os vemos. “Heróis de Plantão” investiga esse status quase mitológico atribuído aos médicos, explorando a linha tênue entre a perícia e a falibilidade humana. A série acompanha Baek Gang-hyeok, um médico brilhante, mas cheio de contradições, que se vê forçado a confrontar suas próprias limitações.
“Guerreiro” é um drama que mistura a dureza do octógono com a vulnerabilidade dos laços familiares. Em sua essência, ecoa o espírito de “Rocky, um Lutador” (1976), dirigido por John G. Avildsen e imortalizado por Sylvester Stallone, mas sem depender da nostalgia. A história, conduzida pelo diretor Gavin O’Connor e roteirizada por Cliff Dorfman e Anthony Tambakis, vai além da pancadaria ao explorar as sequelas do passado e o peso da redenção. No centro da narrativa, um pai em busca de perdão, dois filhos tentando reconstruir-se e uma disputa inevitável que extrapola o ringue.
Remetendo a clássicos como “Os Bons Companheiros” (1990) e “Cassino” (1995), Scorsese manipula a passagem do tempo com precisão cirúrgica, alternando tensão latente com momentos de profunda introspecção. A montagem impecável de Thelma Schoonmaker, parceira do diretor desde “Touro Indomável” (1980), reforça essa fluidez narrativa, enquanto o roteiro minucioso de Steven Zaillian tece os eventos com maestria. A fotografia de Rodrigo Prieto, marcada por tons soturnos e melancólicos, reforça o caráter crepuscular da história.
