Autor: Graça Taguti

O tempo passa como um rio que nos olha sem parar

O tempo passa como um rio que nos olha sem parar

Era um folguedo antigo, lembra? Jogar bolas de gude, no cimento da praça. Ou tampinhas de refrigerante. Como é também um tanto desbotada a palavra folguedo, mas que goza, entretanto, de um frescor artesanal. Frescor que passeia livre em nossas pueris lembranças. Nossos olhos já brincavam de ziguezaguear à toa, se intrometendo em nossas infâncias, algumas travessuras mescladas ao sumo de maduras carambolas, roubadas gostosamente do pé da casa das tias ou vizinhas.

16 tipos de beijos e um desejo desesperado

De imediato, basorexia é um termo que me lembra de uma palavra que eu ouvia vez por outra nos meus tempos de infância em Madrid, onde nasci. “Basura”, que simplesmente em espanhol significa lixo. Vamos combinar que a princípio, ao menos, basorexia não sugere nenhum detrito, nada fétido ou escatológico por exagero. Pois estamos falando do desejo, da compulsão mesmo irrefreável de beijar. Beijar muito. Beijar enlouquecidamente. Beijar sem parar.

Pequenos movimentos das coragens nossas de cada dia

Pequenos movimentos das coragens nossas de cada dia

A premência de atos de coragem se manifesta em nossas vidas desde o instante do nascimento. Ambos, o bebe e sua mãe, precisam de imensa determinação e desejo, para trocar, abandonar um ambiente aquoso, seguro e acalentador pela vinda à luz na terra dos homens. Mudar de hábitos, largar ambientes mornos por outros desconhecidos — ainda que anunciem o bônus de certa prosperidade, demanda entrega e decisão.

Prestemos atenção, pois o céu acaba de beijar a terra

Prestemos atenção, pois o céu acaba de beijar a terra

O céu beija a terra e afaga as arestas do planeta muito mais vezes do que se imagina, no decorrer desta nossa curta existência. Quando o sol, ainda se espreguiçando cumprimenta gentil as novas alvoradas. Durante uma pesca silenciosa, quase um mantra para um pescador eterno banhado de luz em seu trajeto marinho. No exato instante em que uma flor, ainda em botão, larga seu título de menina — moça e desabrocha para as abelhas se banquetearem de alentos.

A inveja é um tapa na cara

A inveja é um tapa na cara

Além de pegar a gente pelo pé, a inveja tem cara pra tudo. Cara de pau, de múmia, de paisagem, de quem-não-tá-nem-aí para as demandas do vizinho. Cara de quem só vive lá em cima, no alto do Himalaia — quase perto do olimpo. Cara de nariz em pé e torcicolo na ativa. Quem nasceu pra rei nunca esquece a majestade. Nossos tetravôs já sentenciavam. Quem se acha não se perde, nem fica dando bobeira ou ouvidos tortos para os Zé Manés plantados em cada esquina.