“O Banqueiro da Resistência” poderia ser só mais um filme sobre os horrores acerca da Segunda Guerra Mundial. No entanto, a história não se rende ao clichê e vai muito além, abordando as razões em nome das quais um homem comum, ainda que muito rico, renuncia à estabilidade da boa vida que tem, com um lar acolhedor, uma família que o respeita e, claro, dinheiro, visando ao bem da humanidade.
“Não Olhe para Cima” começa lá no alto e vai assim até o desfecho pleno de cor e brilho, em que o espectador chega a sonhar com alguma possibilidade de redenção. A notícia da colisão iminente de um corpo celeste contra a Terra passa batida, e nem poderia ser de outra forma num tempo em que há tanta coisa muito mais interessante, evidência inexorável da humana burrice, um gene mutante e assassino.
Coletivo de mais trinta artistas reunidos em torno de um objetivo nobre — e contando, inclusive, com a participação de estudantes do ensino médio e universitários —, “Polícia e Ladrão” se debruça sobre uma das discussões mais urgentes nos Estados Unidos do século 21, ainda mais pertinente desde 2020, quando o curta-metragem foi lançado. O estado de pânico — que culmina na execução covarde de dois cidadãos afro-americanos, além de um terceiro, morto num crime de ódio racial por três civis brancos —, é narrado pelo ator Timothy Ware-Hill, que em parceria com o cineasta Arnon Manor, dirige o curta de cerca de oito minutos.
A luta renhida de viver torna-se quase uma quimera ao primeiro embate de cada dia, contra um inimigo figadal e escandalosamente próximo: o espelho. Esse, contudo, não é o verdadeiro drama de Radha Blank — embora ela não se furte a reconhecer que está muito acima do peso, distribuído num corpo que já não a obedece com a presteza de outrora; a protagonista de “The Forty-year-old Version”, encurralada entre a possibilidade de dar uma guinada em sua trajetória profissional e a chance de pela primeira vez seguir seu instinto.
A jornada de um músico, ávido por se tornar famoso e respeitado por uma arte que só ele mesmo parece apreciar, é mais uma das investidas do cinema quanto a falar de seus tantos sonhadores perdidos. “O Discípulo”, do indiano Chaitanya Tamhane, se estende sobre Sharad, um homem que resiste a matar em si o seu melhor. Até que é vencido.
