Autor: Giancarlo Galdino

É patente em espectadores das mais variadas índoles e estilos de vida o gosto por aventura, mormente se a peripécia não implica risco nenhum — quiçá um pico de hipertensão, se já se tiver o histórico de alguma cardiopatia. Em “Capitão Phillips”, o diretor Paul Greengrass empurra quem assiste para dentro de uma trama cheia de altos e baixos, em que experiência e naturalidade dividem a cena da forma mais orgânica possível, o que também contribui para capturar de vez a atenção do público.

Histórias de família são uma rica matéria-prima para o cinema se estender sobre alguns dos grandes dramas da natureza humana. Um pai dominador, que usa suas filhas para realizar seus sonhos fracassados, daria um bom filme? Nas mãos de Nitesh Tiwari, a trajetória das lutadoras Geeta Phogat e Babita Kumari, filhas de um ex-atleta amador da luta livre, virou o mote de “Dangal”, trama baseada na vida dessas duas guerreiras do esporte na Índia.

Último reduto do homem, a esperança se configura na tábua de salvação de uma humanidade cada vez mais perdida em seus propósitos, presa das armadilhas que ela mesma constrói, vitimada por seus desejos perversos, aqueles que tomam forma e os recalcados. Ao longo de 2021, o cinema deu sua valiosa colaboração quanto tornar a espera por dias melhores menos árida, e a Bula também captou a mensagem. Elaboramos uma lista com cinco filmes e suas respectivas críticas, todos lançados nos últimos doze meses, e no acervo da Netflix, para deixar claro que concordamos com a voz rouca das ruas.

“A Visita” começa devagar, ainda que abordando temas indigestos. Uma mulher se dirige à filha por meio de uma câmera e chora as pitangas contando sobre o porquê de sua fuga de casa aos 19 anos; algum tempo depois, seus pais querem conhecer os netos e ela, não sem algum constrangimento, aquiesce. Isso não se assemelha em nada com o enredo de um filme de terror, mas o talento de M. Night Shyamalan ecoa a voz das ruas: as aparências enganam.