Autor: Giancarlo Galdino

“Distrito 9” acerta muito mais que erra, a começar trazer à lembrança do espectador que qualquer um de nós tem seu lado ET, seu lado torto, desajustado, maldito. Valendo-se de efeitos especiais, gerados por computação gráfica ou não, o diretor sul-africano Neill Blomkamp elabora uma parábola cortante acerca da cômoda alienação que nos toma quando os grandes problemas da humanidade não nos afetam, momento em que nos tornamos cegos e não enxergamos que essa humanidade é cada um de nós.

Descrevendo a jornada de um homem em busca de seu sonho (frustrado), Gulistan e Elizabeth Mirzaei apresentam o retrato em preto-e-branco de um país radiante. A falta de perspectivas, a incapacidade de sucessivos governos, a hegemonia nefasta do Talibã atiraram o Afeganistão numa cornucópia de atraso que já dura mais de 40 anos, cenário que as guerras contra a União Soviética e os Estados Unidos agravaram.

Sydney Sibilia traz uma trama que, para se tornar digna de crédito, reivindica toda a capacidade de abstração do público — mesmo sendo baseada num evento real. “A Incrível História da Ilha das Rosas” é um desses enredos mágicos que só mesmo a vida é capaz de escrever, sobre o sonho de se viver sem ameaças de nenhuma ordem. Mesmo que para isso seja preciso inventar um país.

Tema na ordem do dia desde que o mundo é mundo, a violência contra a mulher — rebatizada de crime de gênero — vem à superfície da mais crua e brutal em “Doce Vingança”. No thriller de terror de Steven R. Monroe, baseado em “A Vingança de Jennifer” (1978), de Meir Zarchi, a protagonista, uma mulher bonita e bem-sucedida, vê sua vida transformada num inferno porque se atreve a viajar sozinha para um casebre no meio do nada. O que acontece a partir de então é a mostra do pior que um ser humano pode fazer a outro, e ao fim resta só o desalento.