Autor: Giancarlo Galdino

A dor e a delícia de uma família, passadas a limpo ao longo de um quarto de século, fazem reviver sentimentos ainda mais intensos porque muito mais difíceis de serem catalogados nos arquivos da lembrança. Um dos diretores mais prolíficos (e mais diversos) de Hollywood, Ron Howard leva à tela seu projeto mais ambicioso do ponto de vista dramatúrgico, e acerta em cheio com “Era uma Vez um Sonho”, um conto felliniano sobre uma família tipicamente americana.

Em “Prazer, Kalinda”, a diretora polonesa Katarzyna Klimkiewicz parte da história de uma personalidade de seu país para discorrer sobre o assédio masculino que, quando não mata, agride a individualidade da mulher de muitas outras formas.

Lamentavelmente, a história do homem é a história de suas guerras, mormente a história das guerras em que sai vitorioso. O encanto do gênero humano pela guerra vem de tão longe que se faz presente até na mitologia, que o cinema reproduz quase à perfeição. “Troia”, do diretor alemão Wolfgang Petersen, se vale da trama contada há gerações para apresentar um trabalho pleno de beleza, ajudado por um elenco afinado, cheio de participações inesquecíveis.

Bertrand Bonello não tem medo de polêmica e ainda menos de ver seus filmes tachados de delirantes. Nos tempos pouco convencionais em que vivemos, essa é uma concepção um tanto fluida, a de dizer o que ou não verossímil, como o diretor nos mostra em “Nocturama”, manifesto contra tudo o que aí está e a favor de coisa alguma. E que veículo pode ser mais eficiente para se propagar tais filosofias que o cinema?

Como um quebra-cabeça, “Sombra Lunar” também parece brincadeira — para gente grande. O filme de Jim Mickle amalgama, em diferentes passagens, o que a ficção científica já produziu de mais relevante na história do cinema, sem se esquivar da crítica social num enredo que também pende para o noir e o thriller. A narrativa até pode se perder em dadas circunstâncias, mas o espectador está sempre esperto, ávido por saber os próximos capítulos dessa história.