Autor: Giancarlo Galdino

O relacionamento entre adultos, quando consensual e, de preferência, prazeroso para ambos, não deveria mais escandalizar ninguém, mas em pleno século 21, pródigo de pestes e guerras, ainda há gente que se sente no direito de patrulhar o sexo (e o amor) alheios, como assinala “Uma Mulher Fantástica”, do espanhol Sebastián Lelio.

O encontro de um homem e uma mulher dura o tempo de uma corrida de táxi, e a narrativa já vira a chave para a ação sombria, pontuada pelo drama desse homem, vítima de um golpe que não esperava, enquanto a possibilidade de viver seu romance em paz fica separada, cozinhando em fogo baixo pelo diretor Michael Mann em “Colateral”, um dos filmes mais enigmáticos já produzidos, cuja riqueza do roteiro é valorizada por um elenco muito bem azeitado.

Todo mundo deseja subir, alto e rápido, e, de preferência, permanecer no topo até ser colhido pela inefável morte, que reduz toda glória a pó. Porém, antes que se imponha a morte, pode sobrevir o fracasso, como ao protagonista de “Granizo”, do argentino Marcos Carnevale, que não pensava ter de deixar o Olimpo tão cedo, mas ao fazê-lo experimenta a redenção de si mesmo, que nem sabia que procurava.