A arte foi feita para incomodar. No caso do cinema, o expediente de que se valem roteiristas e diretores para isso importa na mesma proporção que a mensagem a ser transmitida, e Alice Rohrwacher talvez seja quem mais esteja por dentro do que se deve fazer para sondar o secreto coração do publico e flechá-lo de vez, ainda que com assuntos espinhosos.
Benny Chan (1961-2020) legou bons trabalhos ao cinema. Nascido em Hong Kong, o diretor teve altos e baixos na carreira, como todo mundo, e, é forçoso dizê-lo, “Connected” faz parte da segunda categoria, mas não por culpa exclusiva dele. O filme é, na verdade, o remake de “Celular — Um Grito de Socorro” (2004), de David R. Ellis (1952-2013), sobre uma mulher sequestrada, mas que descobre um meio muito inusitado de se livrar do cativeiro e não perder a grande riqueza de sua vida.
Viver exige uma sabedoria que se conquista sem trégua. Ninguém sabe se a aventura da vida segue até o fim como uma grande festa, ou se um evento funesto no caminho deitará tudo a perder e só restarão as lembranças, que podem ficar enclausuradas para sempre porque represadas num cérebro ingovernável. Eis o drama do protagonista de “O Escafandro e a Borboleta”, em Julian Schnabel se debruça sobre o drama verídico de um homem alijado de tudo o que conquistou, sem perspectiva de volta. E que, mesmo assim, não se abala.
Em “Se a Rua Beale Falasse”, Barry Jenkins traz a história de Clementine, a Tish, e Fonny, amigos que passaram a infância e adolescência no Harlem, bairro barra-pesada do subúrbio ao norte de Nova York. À medida que o tempo passa, como se ele tirasse a venda dos olhos dela e vice-versa, do mesmo modo que naqueles programas cafonas de encontros amorosos na televisão, descobrem que foram feitos um para o outro.
Se não são os filmes mais apreciados, os thrillers decerto são os mais numerosos. Chega a mesmerizar a quantidade de produções falando de assaltos, mortes, crimes de toda espécie e, claro, com as famigeradas investigações que se seguem. Em “Shimmer Lake” também há tudo isso, mas o diretor Oren Uziel pensou numa maneira quanto a fazer seu trabalho dotado de um pouco mais de sentido, e só isso já vale a viagem.