Autor: Giancarlo Galdino

Às vezes, devemos nos permitir assaltar, com a toda a justiça, por um grande júbilo em sermos brasileiros, sobretudo quando nossas manifestações mais genuínas parecem que brotam do baixo do barro do chão e tomam corações e mentes, lembrando-nos de que já fomos capazes de produzir portentos do quilate de Hilda Hilst. Eduardo Nunes, o diretor de “Unicórnio” resgata parte de nossa brasilidade perdida e transporta para seu filme, rural e sofisticado, rude e lírico.

A história de um dos mais célebres detetives do mundo é corajosamente revisitada em “Sr. Sherlock Holmes”, em que o diretor Bill Condon apresenta seu protagonista, o carro-chefe da carreira do novelista britânico Arthur Conan Doyle, como um velho cansado do mundo, da vida, de si mesmo, mas que se lembra (enquanto pode) dos casos resolvidos e de amores que não conseguiu viver.

Que talento é um dom que nos concede Deus, ou algum ente sobre o qual pouco sabemos, ninguém ousa discordar. Talento não se adquire nem ao longo de décadas na melhor universidade que possa existir, pagando-se fortunas capazes de fazer corar uma legião de reis. O neurocirurgião pediátrico americano Ben Carson deu duro para se tornar um dos médicos de maior prestígio dos Estados Unidos, mas como mostra “Mãos Talentosas: A História de Ben Carson”, do diretor Thomas Carter, também pôde dispor, e muito, da sorte.

O cinema francês tem surpreendido o público com produções cada vez mais diversas, espelhando as sociedades contemporâneas do mundo inteiro e seus conflitos, em alguma proporção semelhantes entre si, especialmente no que diz respeito à adequação de indivíduos marginalizados, sobretudo jovens, numa conjuntura socioeconômica opressiva, que não poupa ninguém. “Sementes Podres”, do comediante irano-francês Kheiron, se vale desse argumento para falar de exclusão, mudança de vida e amor, por meio do qual toda transformação é possível.

Por entender o sentimento amoroso como o maior professor que alguém pode ter na vida é que “O Despertar de Uma Paixão” (2006), inspirado no livro do britânico William Somerset Maugham (1874-1965), de 1925, consegue manter sua importância como obra de arte, se prestando a um estimulante intelectual como poucos filmes conseguem ser.