Autor: Giancarlo Galdino

Uma das manifestações artísticas mais vigorosas já criadas pelo gênero humano, o cinema russo continua a cravar grandes resultados sob a forma de filmes que ora divertem, ora suscitam a reflexão do público e não raro, com toda a sutileza, fazem as duas coisas. Ao contar a história de um policial que, sem alarde, se rebela contra o sistema e combate o crime a sua maneira, “Major Grom Contra o Dr. Peste”, de Oleg Trofim, elabora críticas veladas, mas pontuais, sobre a Rússia contemporânea e como é vista pelo restante do mundo.

É preciso muito sangue frio para abdicar da experiência do sentimento amoroso em sua realização máxima, mas para certas pessoas, parece tolice viver à míngua, na miséria mesmo, porque não se encontrou o amor como disseram que ele se constituía. Esse é o caso do protagonista de “Um Homem de Sorte”, do diretor dinamarquês Bille August, habilidoso ao pontuar em seu filme aspectos muito tênues sobre o que é ser um sujeito verdadeiramente afortunado.

Nem sempre apresentar trabalhos plurais faz de um diretor um profissional irrepreensível. Vicente Amorim vem realizando filmes que chamam a atenção pela diversidade, mas em “A Princesa da Yakuza” dá a impressão de ter esticado demais a corda, falando de assuntos que não domina, sobre os quais não se interessa e, por conseguinte, confunde o público, o que em si nem é um problema. A questão é descobrir a que se presta tal intenção.

Encontrar-se num mundo que faz questão de nos oprimir, adequarmo-nos a ele, encontrar gente que pense não da mesmíssima forma, porque é impossível, mas ao menos parecido, voltada a ideais semelhantes, é muitas vezes tarefa para uma vida inteira. Apesar de ainda muito jovem, a protagonista de “Pássaro do Oriente”, de Wash Westmoreland, já tem um vasto currículo de desilusões, bem mais doloridas porque vão com ela aonde quer que ela vá.

Em 1946, uma escritora londrina se corresponde com moradores da ilha de Guernsey, ocupada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Ela sente a necessidade de visitar a ilha, a fim de saber como era o lugar quando da ocupação, e tem a vida completamente transformada com a vivência do sentimento que só conhecia de nome e pelo qual tanto ansiava.