Autor: Giancarlo Galdino

É inegável que, por meio das guerras, a humanidade pôde conquistar muito do progresso que ostenta hoje, mas também é forçoso dizer que o homem se viciou no cheiro de pólvora e parece não saber mais resolver nada pacificamente. “O Soldado que Não Existiu”, de John Madden, expõe o absurdo da guerra num particular macabro, ainda que tenha se prestado a resolver uma grande questão e poupar milhares se vida. E, então, fica a velha pergunta: os fins justificam os meios?

Um casamento infeliz pode ser fonte inesgotável de conflito, que descamba em tensão, que por seu turno degringola em horror. É essa a sensação que o diretor Guillermo Del Toro deseja transmitir com “A Colina Escarlate”, feito sob medida para fãs do terror sofisticado, à moda de ninguém menos que o melhor criador do gênero, Alfred Hitchcock.

O cinema é a arte de eternizar sentimentos, e um de seus grandes perigos é se deixar levar pela emoção e sufocar a constituição factual de determinada história, bem como sua necessária abordagem do ponto de vista crítico. O diretor polonês Mateusz Rakowicz derrapa, mas consegue salvar “O Rei das Fugas” da hagiologia infantil e pouco lógica do bandido que protagoniza seu filme, optando para tanto por se concentrar no viés cômico da trama, fazendo com que o espectador saia ganhando.

O carisma de um personagem colabora muito para sua aceitação junto ao público, bem como para que se compreendam suas pequenas e grandes tragédias íntimas. O diretor Malik Vitthal faz de “Sonhos Imperiais” a ponte entre um mocinho quase irreal e a vida como ela é, priorizando a vontade da única pessoa que importa para que sua história tenha um final feliz.

Há muito que faroestes deixaram de ser filmes apreciados apenas ou majoritariamente por americanos e caíram no gosto de parcelas as mais diversas do público do mundo todo. “A Salvação”, do diretor dinamarquês Kristian Levring, centra o eixo de sua história na figura de um forasteiro que entende logo que a América não é para principiantes, e faz questão de deixar claro que não quer ser visto como maior do que é.