Autor: Giancarlo Galdino

Crimes e cinema fazem uma dupla imbatível desde sempre. Dos suspenses de Hitchcock aos enredos pródigos de ação, tiroteios, bombas e, por evidente, sangue, essas tramas, quase sempre mediadas pelo suspense, quando não são excepcionalmente boas, ao menos se prestam a diversão acima da média. É este o caso de “Viúvas”, de Steve McQueen, que não tenta reinventar a roda, conta uma história bem executada e, assim, deixa o espectador satisfeito.

Quase prisioneiras de uma religião que, na prática, as oprime, as mulheres aos poucos introjetam o comportamento hostil de que são vítimas e o repassam a outras mulheres, a começar pelas próprias filhas. Em “Tempestade de Areia”, a diretora israelense Elite Zexer expõe os intestinos de uma família que se esfacela devido à obediência cega a uma doutrina radical, que só faz irradiar a tristeza de duas gerações.

O amor sempre foi uma faca de dois gumes, sobretudo para as mulheres. Se para uma mulher, ainda hoje é difícil superar algumas condições que fogem ao ideal num relacionamento amoroso, no fim do século 18 tudo era, por óbvio, muito pior. É o que se depreende de “Razão e Sensibilidade”, do taiwanês Ang Lee, baseado no romance homônimo da britânica Jane Austen, uma das gigantes desse gênero.

O tempo, conceito relativo, como ensina Einstein, é confrontado com o espaço, mais palpável, e os dois parecem coexistir em harmônica interdependência, ao menos no plano da matéria. A metafísica do cinema, contudo, faz e desfaz de tudo, como sugere “Chico Ventana Também Queria Ter um Submarino”, do uruguaio Alex Piperno, e que atesta que pluralidade pode ser uma forma de sofisticação.