Autor: Giancarlo Galdino

De um roteiro aparentemente banal, Martin Scorsese fez um clássico e quase meio século depois, “Taxi Driver” continua a arrebatar público e crítica, aquele, enfeitiçado pelas emoções contraditórias da história; esta, sempre pega no contrapé, obrigada a dizer alguma coisa que lhe escapara sobre um dos filmes mais simbólicos do que é um bom enredo, tão fundamental que se confunde com a história mesma do cinema.

Os horrores do nazismo parecem intermináveis. Esses fenômenos históricos, espantosamente complexos, demandam olhar acurado, a fim de se evitar as possíveis incorreções, e tanto pior se envolvem personagens que, passadas mais de sete décadas, permanecem um enigma para o público leigo. É o caso de Dries Riphagen, ex-marinheiro holandês que fez fortuna de um jeito nada óbvio e de vileza inestimável ao colaborar com a Alemanha hitlerista, alvo da cinebiografia “Riphagen”, do diretor Pieter Kuijpers.

Homens com forte vocação para promover a mudança do meio em que vivem, constantemente acuados entre a sedução do crime e a espera desumana por justiça social, não são novidade na história de nenhum povo, a qualquer tempo, e por essa mesma razão as histórias que os retratam seguem despertando o interesse do público mundo afora. Ainda que inesquecível, “Robin Hood — O Príncipe dos Ladrões”, do americano Kevin Reynolds, resgata a memória de um dos fora-da-lei mais simbólicos da Inglaterra do século 12, tão polêmico quanto amado.

Atribuam-se a “Céu Vermelho-Sangue” (2021) todos os defeitos, mas uma qualidade há que se reconhecer no filme de Peter Thorwarth: a ousadia. A exploração do arco dramático que insinua a relação frágil e misteriosa de uma mãe e seu filho revela-se um mergulho corajoso nas águas profundas e negras da condição humana, valendo-se do sobrenatural.

Valendo-se de uma narrativa enxuta, “O Declínio” cozinha o suspense de sua história por quase um terço do enredo, momento em que vem à luz a virada que efetivamente segura o público até o fim. Enquanto isso, Laliberté deixa pelo caminho algumas pistas falsas no introito, ao descrever a viagem de Antoine, de Guillaume Laurin, morador de Montreal, até Laurentian, uma região montanhosa nos arredores de Québec, consciente de que aquele não é um passeio comum.