Autor: Giancarlo Galdino

Ver que uma história rica se adapta a diferentes meios tem um gosto fora do comum para a audiência, cuja expectativa acerca da narrativa aumenta. Sucesso na Broadway, “American Son”, texto do dramaturgo e advogado branco Christopher Demos-Brown adaptado para às telas pelo diretor negro Kenny Leon, se encaixa ao formato do cinema replicando na tela a mesma força vista nos palcos ao jogar luz sobre a cada dia mais intrincada questão racial nos Estados Unidos.

Ao longo dos séculos, os afro-americanos foram se submetendo, com dificuldades maiores ou menores, às tantas metamorfoses que definiram o próprio desenvolvimento dos Estados Unidos, sendo capazes, no entanto, de conservar seu lado telúrico. Os vaqueiros urbanos de “Alma de Cowboy”, o western cheio de estilo de Ricky Staub, ocupam, afinal, o lugar que lhes é devido na história americana por meio do enredo cheio de beleza sobre um reencontro de pai e filho.

Grandes cineastas compuseram trabalhos que se debruçaram sobre as lembranças mais doces — e nem tanto — de personagens ainda por completar o processo de amadurecimento, dos mestres Ingmar Bergman (1918-2007), diretor de “Fanny e Alexander” (1982), a Federico Fellini (1920-1993), com “Amarcord” (1973), passando pelos contemporâneos Luca Guadagnino, de “Me Chame Pelo Seu Nome” (2017), e Paolo Sorrentino, responsável por “A Mão de Deus” (2021). Com “A Ausência que Seremos” (2020), o espanhol Fernando Trueba junta-se a esse rol com um filme envolvente, perturbadoramente emocionante e, sobretudo, honesto.

Entre 3 e 4 de outubro de 1993, o Exército dos Estados Unidos invadiram Mogadíscio, capital da Somália, a fim de acabar com a miséria imposta ao povo por uma tirania, e em menos de 24 horas, dezoito soldados americanos foram mortos. Ridley Scott, um dos senhores da guerra de Hollywood, se propõe a retratar um episódio tão bizarro quanto tétrico em “Falcão Negro em Perigo”, mais uma das tantas provas de que a humanidade nunca desce tão baixo como durante a guerra.

Definitivamente, trabalhar na polícia não é para qualquer um. Lidar com situações extremas, mas também saber se impor é uma qualidade cada vez mais rara, sobretudo nas corporações das metrópoles dos países pobres da América Latina. Mesmo fora da polícia, a vida de policial continua a cansar Pipa, a detetive vivida por Luisana Lopilato em “Retorno”, de Alejandro Montiel, derradeiro segmento da trilogia baseada no romance da escritora argentina Florencia Etchevs.