Autor: Giancarlo Galdino

Querendo ou não, a dinamarquesa Barbara Rothenborg fora capaz de condensar em boa medida o melhor de Tolstói e de Goethe numa história cheia de altos e baixos ao falar de um casamento que deveria ter findado, mas que ao se prolongar indefinidamente — alicerçado na areia fina da vaidade e da hipocrisia — implica um cenário de loucura. Trata-se de “Um Marido Fiel”, drama com notas de suspense em que a ânsia pela verdade se sobrepõe à verdade em si.

Não é verdade que o amor de mãe seja incondicional, à prova de quaisquer abalos, mas quase toda mãe ama seus filhos. “Farol das Orcas”, drama argentino-espanhol de Gerardo Olivares, desenvolve o argumento central de seu longa — uma mãe em busca de ferramentas que lhe permitam a si mesma entender seu filho e, dessa forma, situá-lo no mundo — valendo-se de um cenário estonteante e cheio de feras, metáfora categórica sobre o que pode ser a vida.

A vida é um mistério e o amor talvez seja o que há de mais inexplicável no mistério da vida. Os diretores noruegueses Emilie Beck e Per-Olav Sørensen elaboram um canto ao amor — malgrado repleto de acordes desafinados e cuja melodia nem sempre conduza ao passo mais harmonioso — em “Royalteen”, história de um romance quase onírico, mas que se faz real a despeito dos julgamentos de quem está de fora, vibrando em frequência muito diferente.

Tudo quanto envolve aviões e disputas por popularidade tem muita chance de se tornar sucesso na mesma hora. Depois de certa idade, meninos escolhem brinquedos um pouco menos seguros, aos quais passam a se dedicar com um amor que beira a obsessão. Esse é um dos grandes segredos que fazem “Top Gun — Ases Indomáveis”, de Tony Scott, cruzar o céu do tempo e cravar no firmamento mais um astro, experiente e ousado desde sempre.

Padecendo de doenças do espírito típicas do trato cotidiano com gente perigosa, agentes da lei acabam enveredando por um caminho sem volta ao dar espaço a impulsos arbitrários. Os diretores dinamarqueses Anders Olholm e Federik Louis Hviid exploram as fraquezas da polícia num meio absolutamente hostil em “Zona de Confronto”, thriller que não economiza munição na guerra contra o lugar-comum, cada vez mais cheio de artimanhas.