Autor: Giancarlo Galdino

“O Souvenir: Parte 2” parece um livro de memórias. Estão ali conquistas, fracassos, risos, choros, prazeres, dores, tudo o que uma garota entende como seus momentos mais grandiosos, as lembranças mais plenas de sentido, as que se impõem sobre o passar dos anos, resistem à bruma do tempo e ficam para sempre — e isso, por óbvio, não quer dizer que não firam. Uma das diretoras mais sensatas do cinema contemporâneo, Joanna Hogg segue contando a saga de Julia Hart, uma graduanda em artes cinematográficas às voltas com a conclusão de seu primeiro filme enquanto ainda tenta digerir a morte do namorado.

Vencido o estranhamento inicial de “80 for Brady: Quatro Amigas e uma Paixão”, somos tomados por uma nostalgia esquizofrênica, como se saudosos de um tempo que ainda não vivemos. O diretor Kyle Marvin depura a força criativa do quarteto das veteranas protagonistas, uma reserva de Oscars, Tonys e Emmys, a fim de conduzi-las para um lugar novo e inusitado, que o roteiro de Emily Halpern e Sarah Haskins transforma numa razão adicional para que mantenham-se unidas, como se fossem eternas.

Todo filme como “Saída à Francesa” tem de pagar tributo a Jane Austen (1775-1812). O canadense Patrick DeWitt adapta “French Exit: Une Tragédie de Moeurs” (“saída francesa: uma tragédia de moral”, literalmente), seu divertido tratado austeniano sobre a decadência de uma família depois de uma morte que chega sem prévio aviso, e o diretor Azazel Jacobs sublinha as reações menos óbvias de Frances, uma mulher que precisa muito conhecer-se a si mesma.