Se arrumar um amor para a vida inteira está cada vez mais difícil, é melhor deixar de lado aquelas estratégias mirabolantes e ir com calma, sem nenhuma grande pretensão. Essa é a premissa em torno da qual “Amor com Data Marcada”, uma comédia romântica formulaica e previsível como poucas num gênero conhecido pela sobreposição de lugares-comuns, se move.
Lindsay Lohan parece querer disputar com outras atrizes de segundo escalão a exemplo de Christina Milian e Lacey Chabert o posto de rainha do Natal, como se tem claro em “Nosso Segredinho”. Em mais esta esquecível produção com as festas natalinas por pano de fundo, Lohan, devidamente repaginada após uma bateria de tratamentos estéticos que a deixaram quase dois milhões de dólares menos rica, “interpreta” uma mulher que cresce em meio à ausência da mãe, falecida quando ela era ainda bem pequena, e segue fazendo escolhas nada recomendáveis. Não, não é um déjà-vu.
Como todo mundo sabe, não é só a morte que acaba com os casamentos, e quando eles acabam e novas relações tomam forma, prudência nunca é demais. Até alcançar esse equilíbrio, Brad Whitaker, o protagonista de “Pai em Dose Dupla”, corta um dobrado e encara sucessivas provas de fogo, tudo para merecer o respeito, a confiança e o amor dos enteados, nessa ordem. Will Ferrell reina sobranceiro no filme de Sean Anders, podendo contar com um elenco afinado que domina as situações que o diretor lhes oferece.
Christina Milian está se tornando a nova musa das comédias românticas. Esta é a conclusão a que se chega ao se observar as escolhas da atriz há pouco mais de uma década, desde “Natal no Globo de Neve” (2013), dirigido por Jodi Binstock — a propósito, as festas de fim de ano também têm sido uma regra em sua carreira. Pelo visto, se os realizadores de Hollywood vêm nela alguém capaz de encarnar o tal espírito de congregação do Natal, a atriz lhes instiga também a aura do amor confuso, aflito, bastante nítida em “Amor em Obras”.
A óbvia menção ao clássico de Sergio Leone (1929-1989) em “Era uma Vez na China e na América” não é por acaso. Como em “Era uma Vez na América”, um forasteiro se lança a um gênero alheio a suas origens, também por isso espinhoso, a fim de entender-se sobre difíceis confrontos por terra, amores malditos, as eternas disputas entre machos cheios de ressentimento, tudo resolvido a bala, claro, mas principalmente a golpes certeiros de artes marciais.
