Autor: Fernando Machado

Jim Caviezel, Olivier Martinez e James Faulkner: filme na Netflix é escola de resiliência e fé Divulgação / Mandalay Pictures

Jim Caviezel, Olivier Martinez e James Faulkner: filme na Netflix é escola de resiliência e fé

“Paulo, Apóstolo de Cristo” não embarca na tradicional jornada do herói ou de oferecer um retrato glorificado do apóstolo como mártir triunfante, o filme desarma expectativas ao adotar uma abordagem introspectiva e rigorosamente minimalista. É nesse despojamento estético e narrativo que mora sua força singular. A história, ambientada nos dias sombrios que antecedem a execução de Paulo sob a tirania de Nero, evita apelos sentimentais fáceis ou gestos grandiosos.

Você pode até zombar de Nicolas Cage — mas esse filme vai sair da Netflix antes que você descubra que ele ainda tem bala na agulha Divulgação / Splendid Film

Você pode até zombar de Nicolas Cage — mas esse filme vai sair da Netflix antes que você descubra que ele ainda tem bala na agulha

Um ex-criminoso sai da prisão após vinte anos, tomado por dois impulsos inconciliáveis: reencontrar o filho e executar uma vingança há muito ensaiada. Mas o que parece ser um thriller de retaliação logo se transforma em um mergulho tortuoso na mente de um homem devastado pela insônia, pelos delírios e pela sensação de que a vida seguiu sem lhe deixar lugar — restando-lhe apenas o vazio, a culpa e uma liberdade que já não liberta.

Após ser boicotado em Hollywood por denunciar assédio de executivo, Brendan Fraser renasce das cinzas e leva Oscar por atuação incrível, na Netflix Divulgação / A24

Após ser boicotado em Hollywood por denunciar assédio de executivo, Brendan Fraser renasce das cinzas e leva Oscar por atuação incrível, na Netflix

Baseado na peça de Samuel D. Hunter — que também assina o roteiro —, o longa se passa quase integralmente dentro do apartamento de Charlie, um professor que já não se permite mais existir para o mundo. Suas aulas on-line são ministradas com a câmera desligada, seu convívio com outros humanos se limita a visitas esporádicas, e sua relação com o próprio corpo é permeada por uma mistura de repulsa e resignação. Charlie come compulsivamente não por prazer, mas por castigo — um ritual silencioso que vai além do apetite e se transforma numa forma de infligir a si mesmo a dor que acredita merecer.

No meio dos 3 mil títulos da Netflix Brasil, existe um filme que não é apenas o maior da plataforma — é um dos maiores da história do cinema Divulgação / Paramount Pictures

No meio dos 3 mil títulos da Netflix Brasil, existe um filme que não é apenas o maior da plataforma — é um dos maiores da história do cinema

Sergio Leone não filmou apenas um western com “Era uma Vez no Oeste” — ele cravou uma lápide poética no coração do gênero. Ao transformar o faroeste em espetáculo mitológico, Leone fez do cinema uma liturgia fúnebre: cada imagem é um lamento, cada silêncio é um presságio. O diretor italiano extraiu lirismo da aridez do deserto e construiu, sobre os escombros da violência, uma narrativa carregada de elegância trágica. Não se trata apenas de uma história sobre pistoleiros e vingança, mas de uma reflexão sobre a extinção de um mundo.

Aventura épica com Chris Hemsworth para quem ama literatura e Herman Melville, na Max Divulgação / Warner Bros.

Aventura épica com Chris Hemsworth para quem ama literatura e Herman Melville, na Max

Poucos filmes enfrentam julgamento tão enviesado quanto aqueles que se aproximam de um mito literário. “No Coração do Mar”, dirigido por Ron Howard, é vítima dessa armadilha: avaliado muitas vezes não por aquilo que oferece, mas pelo que supostamente deveria alcançar. Inspirado no naufrágio do baleeiro Essex — tragédia real que forneceu a Herman Melville a centelha para escrever “Moby Dick” — o longa se vê preso entre a crueza da história que o fundamenta e a sombra simbólica da obra que o ultrapassou.