Autor: Enio Vieira

O Brasil da série ‘Os Outros’ Estevam Avellar / Globo

O Brasil da série ‘Os Outros’

De tempos em tempos, o lado estranho do país dá as caras nas telas de cinema e da televisão. Na era do streaming, essa aparição do sombrio ocorre também nos telefones celulares. Nada de encontro de classes sociais, samba no morro, festas de famílias ou o “equilíbrio dos antagonismos” de senhores e escravos, patrões e empregados. A mais recente imagem do horror brasileiro é a série “Os Outros”, de Lucas Paraizo e exibida pela Globoplay. A história teve como ponto de partida uma ideia da atriz e escritora Fernanda Torres, dona de um olhar agudo para as esquisitices nacionais.

O Brasil da novela ‘Vai na Fé’

O Brasil da novela ‘Vai na Fé’

Obras menores, sem ambições de grande arte, são melhores para identificar questões estruturais das narrativas de ficção. Tudo fica mais exposto e claro. Por sua vez, a literatura complexa esconde do leitor os pontos fundamentais. É preciso escavar, ter o olhar atento, para desvendar os sentidos relevantes nos romances de um Dostoiévski ou de um Machado de Assis. O mesmo raciocínio, que vem de Antonio Candido, vale para a interpretação de outras manifestações, como o cinema.

Cormac McCarthy e seu interesse sem fim pela ciência

Cormac McCarthy e seu interesse sem fim pela ciência

Cormac conheceu nos anos 1980 o físico Murray Gell-Mann (ganhador do Prêmio Nobel de 1969), e este não teve dúvida de quem chamaria para compor um novo instituto avançado de pesquisa científico. Eles perceberam de imediato que tinham os mesmos interesses pelo conhecimento humano, sobretudo algo chamado sistemas complexos. Foi desse encontro que nasceu o SFI, onde o autor de “Meridiano de sangue” se tornou uma das figuras centrais e poderia se esconder do mundo das celebridades.

Série de ficção da Netflix recria a educação sentimental de Fito Páez, um dos mitos do rock argentino Julieta Horak / Netflix

Série de ficção da Netflix recria a educação sentimental de Fito Páez, um dos mitos do rock argentino

Além de Maradona e Ricardo Piglia, a Argentina também revelou para o mundo, nos anos 1980, um número de expressivo de músicos. Artistas solo (Charly Garcia, Spinetta) e grupos (Soda Stereo, Sumo, Los Fabulosos Cadillacs) atravessaram as fronteiras do país, tornando-se conhecidos e admirados. De todos eles, um em especial manteve uma relação forte com o Brasil: Fito Páez, cuja trajetória pessoal e artística é contada na série de ficção “Amor e Música” (2023), da Netflix, em oito episódios.

Toda mulher brasileira é meio Rita Lee

Toda mulher brasileira é meio Rita Lee

Difícil imaginar o impacto que o grupo de Rita, Os Mutantes, teve na música brasileira a partir do movimento tropicalista dos anos 1960. Se Caetano filtrava o rock pela sonoridade baiana, o trio paulistano fazia o sentido contrário e absorvia a MPB. O cartão de apresentação foi a participação no disco coletivo “Tropicália ou Panis et Circencis” (1968). Até hoje os discos de Rita com os irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista deixam os gringos de queixo caído.