Autor: Enio Vieira

Viva o Povo Brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro:  40 anos

Viva o Povo Brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro:  40 anos

Contar histórias no Brasil é um exercício que mistura tradições europeias com as vozes dos povos negros e indígenas, criando uma narrativa única e desafiadora. Em “Viva o Povo Brasileiro”, João Ubaldo Ribeiro constrói uma obra que explora a complexa formação do Brasil, onde a modernidade europeia encontra os ritmos locais. Mesmo após 40 anos de sua primeira edição, o romance ainda provoca reflexões profundas sobre a identidade nacional e o impacto das influências externas.

Os casamentos de Jane Austen

Os casamentos de Jane Austen

A Inglaterra jamais foi ilha por acaso. A Europa pode estar se acabando em conflitos, mas os ingleses não se misturam. Imagina se você é um artista europeu na virada do século 18 para o 19. Foi uma época rica de acontecimentos e ideias, não? Apesar disso, um inglês da época prefere ignorar a Revolução Francesa e as guerras napoleônicas. Russos e alemães, por sua vez, escreveram e filosofaram fartamente a partir das transformações provocadas pelos franceses.

Asas do Desejo, de Wim Wenders, busca a ‘épica da paz’ para os tempos modernos Divulgação / Argos Films

Asas do Desejo, de Wim Wenders, busca a ‘épica da paz’ para os tempos modernos

Nenhum outro filme marcou tanto os anos 1980 como “Asas do Desejo”, do alemão Wim Wenders. Foi uma síntese de uma época a história da dupla de anjos vagando pela cidade de Berlim, ainda dividida pelo muro. Esteticamente, o diretor montou um enredo básico cercado de fragmentos estilizados, bem no espírito daqueles anos. Ao mesmo tempo, deve ter sido o último registro do muro e seus simbolismos, como monumento à barbárie do século 20, mas um filme que sugere a utopia da paz futura.

Riobaldo nas quebradas

Riobaldo nas quebradas

O romance “Grande Sertão: Veredas” (1956), de Guimarães Rosa, é uma obra intraduzível no sentido amplo da palavra. Não há outras palavras para dar conta dessa história — só as do autor. As tentativas de transpor a escrita rosiana para outros meios falharam ao longo dos tempos. Foi o caso da primeira versão para o cinema em 1965. Vinte anos depois, veio uma série de televisão com atores e atrizes famosos da TV Globo — hoje o resultado não parece de todo ruim, mas isso pouco importa.

Uma carta para Thomas Mann, nos 100 anos de ‘A Montanha Mágica’

Uma carta para Thomas Mann, nos 100 anos de ‘A Montanha Mágica’

A primeira vez que soube de sua existência foi na leitura de uma entrevista de um cantor de rock, um certo Renato Russo. O senhor não teria como conhecê-lo — nem ele, nem o rock. Li a tal entrevista num banco da Praça Cagancha, em Montevidéu. Manhã fria de inverno uruguaio, céu cinzento como sempre, de um dia qualquer do ano de 1990. Havia uma banca de revistas e jornais (local hoje em extinção) que vendia publicações brasileiras, para gente perdida ali como eu.