Autor: Enio Vieira

O retorno de Autran Dourado

O retorno de Autran Dourado

A editora Harper Collins começou a reeditar uma das obras mais sofisticadas e profundas da literatura brasileira moderna. Os leitores de hoje têm assim a oportunidade de conhecer e reconhecer o escritor Autran Dourado (1926-2012), que andou um tanto relegado ao segundo plano no campo cultural, diante da avalanche de lançamentos em tempos de redes sociais. Já foram lançadas as novas edições de “A Barca dos Homens” (1961), “Ópera dos Mortos” (1967) e “Os Sinos da Agonia” (1974).

Um mapa das regiões literárias do Brasil

Um mapa das regiões literárias do Brasil

A divisão geográfica da cultura andou fora de moda por uns tempos. Nas últimas três décadas, a globalização fez muita gente acreditar na falta de importância da nação e de um país na produção artística. A ficção brasileira contemporânea, por exemplo, chegou ao ponto de achar que ela mesma brotava de um não-lugar, um lugar nenhum e sem pátria. Deu com os burros n’água porque a literatura do mundo inteiro valoriza o espaço. A paisagem, a fala local, ainda contam e narram muito.

Ideias para um mapa mundi da literatura

Ideias para um mapa mundi da literatura

Tempos atrás sugeri um esboço para o mapa mundi da literatura, tomando como base a discussão a respeito da literatura-mundo, mais conhecida pelo termo “world literature”. Não se trata de definir uma estética chamada de “universal”, uma linguagem comum a ser entendida por qualquer ser humano, em qualquer época ou lugar. Além de ilusório, esse universal é um erro se desconsiderar que uma obra está fincada em seu tempo histórico e espaço geográfico.

O melhores livros lidos em 2023 (Enio Vieira)

O melhores livros lidos em 2023 (Enio Vieira)

Ficaram para trás os tempos de fúria e da peste. Na pandemia de Covid-19, caiu a ficha para muita gente de que o mundo havia virado uma distopia ao vivo. E a literatura seguiu o espírito daqueles dias. Em 2023, na etapa seguinte do nosso videogame, chegou a hora de reiniciar o jogo, juntar os cacos e repensar um monte de questões. O que de mais interessante surge são atualmente as histórias das periferias, dos cantos escondidos do mundo, seja aqui no Brasil, seja na China (muita coisa boa surge e vem de lá).

A ficção paranoica de Don DeLillo

A ficção paranoica de Don DeLillo

Em seus livros, DeLillo realiza uma remixagem de pedaços ou restos de estilos: ficção científica, romance policial, distopias, paranoia, conspirações, para gerar uma forma nova de narrar. O que seria apenas lixo cultural, porém, se transforma em grande arte do pensamento e da literatura. Devorar tudo também é a forma de a sociedade norte-americana se organizar e controlar a economia global. Os Estados Unidos fazem a combinação de dinheiro, tecnologia, guerras, armas e, sobretudo, produção da cultura para consumo mundial (haja vista o cinema e a música pop).