Autor: Enio Vieira

A história de Hannah Arendt e Günther Anders

A história de Hannah Arendt e Günther Anders

Em algum momento dos anos 1930, um casal de judeus senta-se na mesa de sua casa na Alemanha para saborear cerejas e apenas conversar. Não há filhos por perto. O papo rondava por dúvidas filosóficas — ambos haviam sido alunos de Martin Heidegger, o mestre supremo do pensamento na época. Ele se chama Günther Stern, e ela é ninguém menos do que Hannah Arendt. O casamento começara em 1929 e duraria oito anos, havendo o divórcio já na vida de exilados nos Estados Unidos.

Annie Ernaux e a ficção de si mesmo

Annie Ernaux e a ficção de si mesmo

Os jurados da Academia Sueca gostam de apontar o dedo para um autor ou autora ao anunciar o Prêmio Nobel de Literatura. É como se dissessem a cada ano: prestem a atenção nessa figura que está escrevendo e vocês deveriam ler mais. Mais do que um referendo de celebridades, a premiação emite um sinal de alerta para o mundo em convulsão, tomado de guerras civis (efetivas e simbólicas) e afogado em tecnologia. E neste ano, os holofotes miraram a escritora francesa Annie Ernaux.

Godard: as respostas aos problemas do mundo estão fora do Google

Godard: as respostas aos problemas do mundo estão fora do Google

Numa das suas versões da peça “Woyzeck”, Georg Büchner colocou na boca de um dos personagens uma definição aguda de que é um homem ou uma mulher: “Toda criatura humana é um abismo, fica-se tonto quando se olha para dentro”. O que se passa na cabeça de uma pessoa causa vertigem, se assemelhando a um poço sem fundo. Nem em seu último ato o cineasta Jean-Luc Godard deixou de causar espanto ao comunicar, por meio de sua esposa, que apenas havia se cansado da vida aos 91 anos de idade.

Thomas Bernhard mostra como sentir vergonha do próprio país

Thomas Bernhard mostra como sentir vergonha do próprio país

A obra de Bernhard é um acerto de contas com o seu país que teve a mancha histórica de ser anexado pela Alemanha nazista. Seu último romance (“Extinção”) e a peça teatral “Praça de Heróis”, por exemplo, fazem questão de brigar com o esquecimento que a Áustria tenta impor a respeito daquele período, digamos, vergonhoso de sua História.

40 anos de som e fúria dos Titãs

40 anos de som e fúria dos Titãs

É sempre estranho ver o rock e seus artistas envelhecendo. O estranhamento sempre faz lembrar a frase clássica da música “My Generation” (1965), dos ingleses do The Who: espero morrer antes de ficar velho. Neste ano, o grupo brasileiro Titãs completa 40 anos de trajetória, com direito a um longo documentário da série “Bios”, da plataforma de streaming Star+. Da formação original de oito integrantes, restam apenas três deles que estão lançando agora o álbum “Olho Furta-Cor”.