Autor: Enio Vieira

Os herdeiros selvagens de Ibsen

Os herdeiros selvagens de Ibsen

Nas voltas que o mundo dá, saíram recentemente no Brasil dois romances que beberam na fonte do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), um dos melhores escritores do mundo no século 19. O autor desenvolveu sua carreira às margens dos grandes centros europeus e fez a transição do clássico realismo para o modernismo, em peças como “O Pato Selvagem” (1884) — um drama até hoje inclassificável.

Eduardo e Mônica: a vida entre parangolés, coros e rock inglês Gávea Filmes / Barry Company

Eduardo e Mônica: a vida entre parangolés, coros e rock inglês

O filme pode ser visto como uma comédia romântica, mas a versão da música “Eduardo e Mônica” para o cinema é mais do que um entretenimento. Dá muito o que pensar, a partir do que se acrescentou à história original de Renato Russo. O diretor René Sampaio recriou a narrativa da canção da Legião Urbana. É uma outra trama que surge na tela, para além das idas e vindas do casal de personagens.

Guimarães Rosa e o “espírito bandeirante” Foto / Luis War

Guimarães Rosa e o “espírito bandeirante”

As grandes ficções permitem as mais variadas leituras. Quanto melhor o romance, maior o número de formas de interpretação dele. O livro “Grande Sertão: Veredas” (1956), de Guimarães Rosa, é uma dessas obras que se enriquecem pela multiplicidade de pontos de vista, indo das questões estéticas às históricas, passando por esoterismo e tradições populares. Nos últimos anos, cresceram as abordagens sobre o que a escrita rosiana diz a respeito das coisas do mundo e da “matéria brasileira”.

Corpos que desaparecem

Corpos que desaparecem

O mês de junho de 2022 está marcado pelo retorno de um fantasma tipicamente latino-americano. Nas figuras de um indigenista brasileiro e de um jornalista inglês, ressurgem os “corpos desaparecidos” — desta vez, no fundo de uma mata escura. Faz um tempo que ocultar cadáveres virou especialidade de chilenos, argentinos, uruguaios e brasileiros. Não se trata de um desvio histórico, mas sim de tecnologia ou forma de gestão social para garantir uma certa ideia de ordem nas coisas.  

A poesia para tempos difíceis

A poesia para tempos difíceis

Ficou conhecida a provocação de Theodor Adorno sobre o desafio de fazer poemas depois dos campos de concentração. A indagação apareceu no pós-Segunda Guerra Mundial. Não haveria uma escrita capaz de apreender o sofrimento causado por cidadãos europeus, no coração de que se imaginava ser a civilização exemplar para o mundo todo. Quem produziu o alto pensamento ao longo da História, realizou uma “exibição de atrocidades”, conforme disse bem um romancista inglês.