Autor: Enio Vieira

Thomas Mann mostrou como se deve tratar um fascista

Thomas Mann mostrou como se deve tratar um fascista

Relançado em 2023, o livro “Mário e o Mágico” (1930), de Thomas Mann, faz parte da galeria de obras que enxergaram o que ninguém viu em certo momento histórico. No caso, o escritor alemão percebeu os movimentos iniciais dos fascistas, em suas viagens constantes à península do Mar Mediterrâneo.

Carolina Maria de Jesus, intérprete do Brasil

Carolina Maria de Jesus, intérprete do Brasil

Em 1960, surgiu uma escritora inesperada na literatura brasileira, por conta de sua origem social. Ninguém imaginava a existência de uma autora moradora da favela do Canindé, na cidade de São Paulo. Do meio do nada, Carolina Maria de Jesus (1914-1977) entrou para o meio literário e trouxe um olhar inédito sobre as coisas do país que, na época, vivia os anos dourados da bossa nova, da inauguração de Brasília e do slogan dos cinquenta anos em cinco de Juscelino Kubitschek.

‘Bardo’ enfrenta a bestialidade da cultura e os fantasmas da América Latina Rodrigo Jardon / Netflix

‘Bardo’ enfrenta a bestialidade da cultura e os fantasmas da América Latina

Numa das melhores cenas de “Bardo — Falsa Crônica de Algumas Verdades” (2022), o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu encena a entrevista de um presidiário com o documentarista Silvério Gama, o protagonista da trama. Um homem do povo fala “verdades” ao intelectual, no que seria um filme dentro do filme. Mais interessante de tudo: o diálogo do filme é a reprodução de uma crônica do diretor brasileiro Arnaldo Jabor, morto este ano, que inventou em 2006 uma entrevista fictícia com líder do PCC, Marcos Camacho, o Marcola.

Coetzee e a barbárie

Coetzee e a barbárie

No acervo da Netflix, uma das peças mais interessantes é o filme “Esperando os Bárbaros” (2019), de Ciro Guerra. As estrelas Johnny Depp e Robert Pattinson são chamarizes de público para a adaptação de um dos melhores romances do final do século 20: “À Espera dos Bárbaros” (1980), do sul-africano J.M. Coetzee, ganhador do Nobel de Literatura em 2003. Ver a versão para o cinema é a via de acesso a um universo que herda questões centrais para as artes, o pensamento e o mundo contemporâneo.

‘1985’, ‘Santa Evita’ e ‘Azor’ pensam a ditadura argentina Divulgação / Prime Video

‘1985’, ‘Santa Evita’ e ‘Azor’ pensam a ditadura argentina

Sem memória institucionalizada, coube à produção cultural a tarefa de fazer o ajuste de contas. O filme “Argentina, 1985” é mais uma obra de uma série de tantas outras, a começar por “A História Oficial” (1985), de Luis Puenzo, que revelou ao mundo o caso dos bebês de presas políticas sequestradas pelos militares. Para entender melhor essas histórias argentinas, vale a pena assistir também aos recentes “Santa Evita” (2022), série do Star Plus, e “Azor” (2021), de Andreas Fontana, disponível no YouTube Filmes.