Autor: Eberth Vêncio

As coisas incríveis que o dinheiro tenta mas não compra

As coisas incríveis que o dinheiro tenta mas não compra

Comprei um deputado federal e ganhei de troco uma noite inesquecível com uma moça cujo nome não me recordo. Dane-se. Elas jamais usam os seus nomes verdadeiros quando estão a trabalho. Eu me amarro em toda espécie de mimo que rola na esplanada. O ser humano, vocês sabem, é movido a reconhecimento em busca do poder. Caixões não possuem gavetas, é o que dizem. Que azar.

Sempre sonhei em matar um homem num duelo justo

Sempre sonhei em matar um homem num duelo justo

A partir de agora, é cada um por si. Pelo andar da carruagem na Câmara dos Caubóis — ou melhor, na Câmara dos Deputados — voltaremos a fazer a boa e velha justiça com as próprias mãos. Após muita negociação e chantagem, sob um nauseabundo cheiro de pólvora, enxofre e dólares furados remetidos pelo consórcio de indústrias de munição, formol e algodão-para-narinas, a bancada do meu-ódio-será-sua-herança aprovou um revestrés na Lei do Desalmamento — quer dizer, Lei do Desarmamento. Será permitido vender a alma ao diabo sem fornecer recibo, cuspir marimbondos no passeio público, dar tapinhas no traseiro fofo das moças bonitas e carregar revólveres na cintura.

O amor no tempo do buraco na camada de ozônio

O amor no tempo do buraco na camada de ozônio

Parece piada, mas, não é. Conheceram-se no enterro de um anão em Itu. Nenhum dos dois sabia nada do morto, a não ser que era um sujeito pequeno. Por isso, estavam ali. Tinham em comum o interesse incomum de comparecer aos velórios de criaturas humanas pitorescas. Vai entender cabeça de gente. Apesar de cultos, tinham dessas perturbações. E não tinha psicanálise no mundo que desse jeito naquilo.

Amamentar em público exige muito peito das mulheres

Amamentar em público exige muito peito das mulheres

Se eu parisse gente, se eu fosse uma mulher, não me esconderia em porcaria de canto algum para entupir de leite o buchinho do meu parasita predileto. Se muito, jogaria um pano sobre a cabeça do come-e-dorme, para disfarçar — não me perguntem por que eu disfarçaria —, um ato reflexo, um mero exercício de etiqueta e nada mais. Não faço ideia se existe ou se não existe uma legislação que cuide do assunto. Como eu disse, não tencionava perder tempo com irrelevâncias, embora o editor tivesse me avisado que o assunto era atual, palpitante e fazia ferver as redes sociais com debates quase sempre agressivos.

Breve história de um amor que não dá pé

Breve história de um amor que não dá pé

Água até o pescoço. Isso é o que há. Não perca mais tempo em busca do amor. O amor é só mais um detalhe. Escute — veja se dorme com mais essa, baby — , o que eu tenho para lhe oferecer é um enorme vazio. Aqui dentro desse peito de lata daria pra reverberar, pra colecionar constelações de grandes explosões tão longevas quanto um fósforo aceso durante uma ventania. Se ligue nesta dica quente e explosiva: o risco do ranço não vale a rasgado da aventura.