Autor: Eberth Vêncio

Lista das mulheres que não merecem ser estupradas

Lista das mulheres que não merecem ser estupradas

A mamãe. Você que me lê. As analfabetas. As cegas de paixão. As eleitoras do Bolsonaro. As mamíferas. As revolucionárias. As belas recatadas do lar. As moradoras de rua. As muito cultas que se amarram em filmes noir. As celibatárias. As que possuem um aleijão. As Portadoras de Necessidades Comuns, como ser feliz, por exemplo. As presidentes. As que foram chamadas de anta. As que rodam a bolsinha. As que aplicam as economias no mercado financeiro. As que se casaram só por dinheiro. As solteironas. As batizadas. As ateias. As plebeias.

Quem for feliz levanta o dedo

Quem for feliz levanta o dedo

Anda. Desce já daí. Tu deverias sentir vergonha de dizer que não és feliz. Teu carro é do ano. Tua mulher é linda, mesmo passados tantos anos. Teus filhos gozam de uma saúde de ferro, embora lhes faltem alguns dentes. Aliás, tu deverias ir urgente a um dentista, pra ele anestesiar a dor que tu sentes pelo mundo. Cuida da tua própria dor, amigo. Esquece o mundo. Afrouxa a gravata, as horas, a corda. Acorda, criatura. Tu deverias sentir vergonha de dizer que não és feliz.

Outubro rosa respingado de sangue

Outubro rosa respingado de sangue

Quem mata mais mulheres no Brasil: o câncer de mama ou os homens? Isso não é um conto de fadas. Era uma vez, nos primórdios da Era Cristã, na região da Sicília, Itália, uma jovem linda e recatada (seria ela do lar?) chamada Agatha foi condenada pelo imperador Décio (perseguidor contumaz de cristãos) a ser torturada até a morte. Por questões de ordem passional e religiosa, o déspota ordenou aos guardas que a despissem, arrastassem-na sobre cacos de cerâmica e brasa viva, e mutilassem as suas tetas, arrancando-as com o adjutório de alicates e outros instrumentos perfuro-cortantes disponíveis para o recreio da tortura.

Como remendar um coração partido

Como remendar um coração partido

Não importa a paisagem. Tristeza não carimba passaporte. No Japão, no Jalapão, na República do Gabão, tanto faz, há sempre algum sentimento amável escorrendo dentro de veias tortas até eclodir um coração partido. Nos Estados Unidos, o índice de separados não para de crescer. A intolerância racial também cresce, mas, isso não é assunto pra agora, isso é outro dilema.