Autor: Eberth Vêncio

Quando as palavras doem mais do que um soco

Quando as palavras doem mais do que um soco

Os dias passavam e eu sofria de paixão, calado, bestamente incógnito. O corpo de Valéria apressava-se em ser mulher. Era a garota mais desenvolvida da turma, no que diz respeito aos caracteres sexuais secundários decorrentes da inundação hormonal que dizimava a ingenuidade. Eu me ligara mentalmente a ela, talvez, porque a achasse bonita, delicada e, em especial, porque me aprazia o seu jeito de ser, de falar e de não sacar que eu existia.

Quando os corações viram lixo até as moscas se espantam

Quando os corações viram lixo até as moscas se espantam

O sujeito não vale nada. Ele é uma escória ambulante, um zero à esquerda, ele merece morrer e quase ninguém vai sentir falta quando ele sumir — gritou o mandante, claramente exaltado, pegando fogo nos olhos, fazendo rescender um fedor de ódio que afugentou a garçonete venezuelana, uma ex-professora universitária em Caracas, que limpava a mesa.

Para enlouquecer com saúde

Para enlouquecer com saúde

Vaiar o morto. Contar piadas às carpideiras. Ser convidado, com energia, a se retirar do recinto. Sair de cabeça em pé, levando uma flor entre os dentes. Dizer toda a verdade que lhe vier à telha. Morder a imprópria língua. Envenenar as palavras com doses letais de franqueza. Ser um desanimador de festas infantis. Riscar-se de uma lista de convidados.