Autor: Eberth Vêncio

Parecia que o coração de todos tinha endurecido

Parecia que o coração de todos tinha endurecido

Para já os teus olhos por aqui. Não tenho nada de consistente para te contar. Aliás, por amor, nunca mais me convides para as tuas lives. Devo parecer repetitivo. A morte continua misteriosa e, cada vez mais, irritante. Vi uma chuva de corpos cair sobre o Aeroporto de Cabul. No início, pensei que fossem apenas mais algumas daquelas bombas de alto poder destrutivo despejadas pelos militares norte-americanos.

Gabinete do amor

Gabinete do amor

Notícia boa se criava. Nos últimos tempos, prestava-me a certos monoelismos. De me pegar escrevendo poesia. De cogitar brincadeiras com os barros da minha meninice. De encardir a roupa com terra. De tomar ralhos da chuva. De escutar de novo a minha jovem mãe gritando pela janela sai-da-chuva-menino-que-você-vai-se-gripar. Nunca mais me gripei por inocência.

Uma temível frente fria avança por dentro da gente

Uma temível frente fria avança por dentro da gente

Cada qual exercita o humanismo da forma que consegue. Creio que esse desfazimento interior tenha uma justificativa plausível. Assim como as palavras ríspidas ditas sem cuidado e os afagos negligenciados sem escrúpulos com o futuro. Assim como a noite de ontem, a manhã de hoje e o porvir que ninguém garante se realmente virá. Ninguém sabe de mim, do outro ou de si mesmo. Todos se acham, mas, na prática, ninguém anda se encontrando. Parei de sentir e isso é tudo. Nada que seja da sua conta, por suposto.

O mundo é um hospício

O mundo é um hospício

Atribui-se esta frase a Albert Einstein. Para não cometer mais uma gafe, perguntei a Dona Fiinha, pesquisei na internet, mas, não encontrei nenhuma fonte segura que atestasse a sua veracidade. Portanto, pelo menos por hora, até que alguém me desminta e me envergonhe, será uma frase atribuída a ninguém. Coisas de domínio público. Feito o medo da morte.