Autor: Eberth Vêncio

Conto gregoriano com nuanças de picardia e de cinismo

Conto gregoriano com nuanças de picardia e de cinismo

No sentido figurado, era apenas mais uma dentre tantas noivas de Cristo. Uma freira cabreira, de olhar contrito, novata nos dilemas existenciais, buscou tento para acudir ao reitor. Pelo fato de ser ele um doutor, haveria de estar mais bem experimentado à dor, ao amor e aos demais cuidados com o andor, pois, o santo era de barro e a vida, nada mais do que uma sucessão de rimas pobres.

O corpo é uma droga

O corpo é uma droga

Eivado de hipocrisia, reencontrou-a no horário desmarcado. Um acaso dos diabos. Eram dois raios que volta e meia caíam sempre no mesmo lugar. A cama. Largavam-se na cama. Alargavam os horizontes. Zoneavam. A cama era como um campo de entrega, de colheita e de fastio. Ali se plantava. Ali se colhia. Escolheram qualquer colheita, o que viesse já estava de bom tamanho para além do estio.

Mais um otário à frente de seu tempo

Mais um otário à frente de seu tempo

Em tempos de meninice, bom mesmo era relevar, mas, eu não relevava. Certo mesmo era levar a vida na flauta, mas, eu não levava. Prendia o futuro com as mãos em ânsias de devaneio e ele sempre escapava entre os dedos. Nada mais natural. Em dado momento — degredo de mim mesmo — a descoberta da finitude humana fez-me reconhecer que, muitas das vezes, os momentos felizes aconteciam somente pelos lépidos olvidos do sofrimento.

Do que é mesmo que os cães estão rindo

Do que é mesmo que os cães estão rindo

João é um canídeo ordinário, sem raça, sem pulgas e sem boletos. É vê-lo sentado daquele jeito e enxergar graça do bichinho. Tenho uma certa queda por cães desclassificados com ar patético. Nota-se que o vira-latas abana o rabo de um lado para o outro, como se fora um espanador a varrer o assoalho da varanda. Ao abanar o rabo, os cães encontram uma forma explícita e direta de demonstrar gratidão, apreço, felicidade e compaixão.

Plano B para não falhar na Hora H à procura do Ponto G

Plano B para não falhar na Hora H à procura do Ponto G

Ninguém é obrigado a tolerar os chiliques dos outros. Em termos psiquiátricos, o editor do jornal para o qual eu escrevia os meus panfletos era um completo analfabeto funcional. Insensível como uma urna funerária, ou melhor, insensível como uma urna eletrônica, o sujeito nunca me pareceu uma companhia confiável. Aliás, não entendia patavina sobre o processo criativo dos seus articulistas. Arrematou aquela joça pagando uma mixaria num leilão de massas falidas.