Autor: Eberth Vêncio

O amor pega no tranco

O amor pega no tranco

Espalhar as sementes do amor ladeira abaixo, pelos quatro cantos do mundo, sobre a superfície de uma esfera azul, flutuante, antes destituída de ângulos agudos, de escapes obtusos na direção da reta absoluta; um planeta formidável com cara e jeito de asteroide, um grão congesto de poeira ínfima, partícula silenciosa a flainar de soberba na incompletude do universo.

Sorrir aumenta a imunidade

Sorrir aumenta a imunidade

Um dos companheiros propôs o embalsamamento do Rochinha — depois de morto, obviamente — para que o seu corpo ficasse submerso no formol, ad eternum, dentro de uma redoma de vidro, com formato de garrafa de Paratudo, a fim de ser colocado como uma espécie de monumento, próximo à mesa de bar onde a turma sempre se reunia para as hilárias resenhas pós-jogo.

O centro da cidade rescende à urina e saudade

O centro da cidade rescende à urina e saudade

Não havia shopping centers. A vida se resolvia no centro da cidade e parecia ser o bastante. Gostava de caminhar pelas calçadas abarrotadas de gente, pelo comércio pujante que vendia de-um-tudo, pelas bancas de revistas, pelos cachorros vira-latas engatados pelos genitais, pelo amontoado de bugigangas eletrônicas contrabandeadas do Paraguai.

Diabruras humanas desde o grande sertão veredas até o meridiano de sangue

Diabruras humanas desde o grande sertão veredas até o meridiano de sangue

As histórias sucedem mais ou menos na mesma época, ou seja, a partir da segunda metade do século 19. “Meridiano de Sangue” se passa no inóspito oeste nos Estados Unidos da América, numa zona cruenta onde digladiam os conquistadores americanos brancos, os indígenas e os mexicanos. O cenário do “Grande Sertão: Veredas” é aquele território árido dos sertões mineiro, goiano e baiano, dominado pela sede, pela fome, pelo medo, pela solidão e pela selvageria que, se não garante a existência, pelo menos, adia a morte.

Eu gosto do papa, eu gosto de Cristo e eu amo jujuba

Eu gosto do papa, eu gosto de Cristo e eu amo jujuba

Tive ontem uma noite memorável. Fui com minha gata e bons amigos ao show dos Titãs. Lá estavam eles, os sete remanescentes da formação original, acompanhados pelo imantado produtor musical Liminha, ex-integrante dos Mutantes, que fez as vezes do Marcelo Fromer — fatidicamente morto por atropelamento em 2001 — no violão e na guitarra. Eu não sabia que o Branco Mello tinha tido um câncer de garganta e que havia se submetido a tratamento oncológico nos últimos meses.