Eu conspiro contra o universo
Não me casei. Não me casei porque não quis. Perdi o juízo aos 38. Tinha passado incólume pelo ímpeto de me atirar de um tédio sobre os braços invisíveis do esquecimento. Sempre fora uma famosa ninguém, uma célebre em nada, uma PhD em pessimismo e neurastenia. A partir de tal ruptura emocional, a primeira atitude que me ocorreu, enquanto persona desajustada, foi aposentar o relógio de pulso nalgum canto da mobília. Recebera como herança um diagnóstico reservado e o relógio de bolso do meu avô paterno, o qual foi solenemente esquecido num poço insondável da minha memória.