Autor: Eberth Vêncio

As promessas que eu faria pra ganhar seu coração

As promessas que eu faria pra ganhar seu coração

Prometo que as ruas serão, de novo, o playground da molecada. E digo mais: no que tange aos logradouros públicos, de maneira geral, prometo que todos os moradores de rua terão uma casa pra morar. Se isso não for possível, nós é que nos mudaremos para as ruas, a fim de finalmente sermos todos iguais perante a lei e a lira. Prometo que os beijos técnicos serão substituídos pelos beijos de língua, doa em quem doer.

Levanta, me serve um café, que o mundo acabou

Levanta, me serve um café, que o mundo acabou

Não importa o tamanho do regaço, eu vou é torcer pelo meteoro. Há milênios, os micróbios e as tempestades tentam (sem êxito) dar cabo da humanidade. Solidário aos malemolentes esforços da lama, eu aposto no cometa, na inexpugnável e desgovernada pedra fumegante que vai partir o planeta em pedacinhos, resolvendo de uma vez para sempre todos os dilemas do homem, como a fome de amor na África e a epidemia de banha nos Estados Unidos. Unidos venceremos? Às favas! Segue abaixo o melhor dos manuais para se destruir um mundo pior.

Chega de tanto mi-mi-mi. O amor perdeu, parceiro

Chega de tanto mi-mi-mi. O amor perdeu, parceiro

Não me venham com essa história de “só o amor constrói”. Ontem mesmo, a balconista da vídeo-locadora em que sou cliente ajoelhou-se no asfalto escaldante — com aqueles joelhinhos bem torneados que até o papa aprovaria — e rezou com fervor ao seu algoz que só o amor construía, e blá-blá-blá, e ti-ti-ti, e assim mesmo levou um tiro na fuça que partiu o seu aparelho ortodôntico de linguinhas cor-de-rosa bem ao meio. Desde então, não consigo mais me imaginar locando os meus tradicionais três filmes tristes da semana sem pagar doze moedas praquela jovem criatura que ria à beça de qualquer coisa que eu falasse, até de política ou de uma sequela sifilítica.

Pelo direito de um homem acordar mal humorado

Pelo direito de um homem acordar mal humorado

O meu destino será onde vocês quiserem que ele seja. Pra mim, tanto faz. Só não revelo aqui, neste parágrafo, o logradouro completo com CEP e tudo mais, porque não tenho vontade de ser encontrado, que venham me fazer companhia, estorvos a interromperem o meu nem-tão-inflexível-assim compromisso de me desligar das mazelas do dia a dia.

De tão besta, esta crônica vai ficar sem título

De tão besta, esta crônica vai ficar sem título

O frisson que aquela mulher provocou nos homens durante a festa de aniversário do Toninho até hoje reverbera no sono e na sina de um quarteto de marmanjos claudicantes à beira da andropausa. Pensem numa mulher tão bonita de fazer gaguejar, de fazer perder a fala, de fazer inflar o falo, de fazer latir um fila, cuja nuca com tez de pêssego levava tatuada a seguinte recomendação em letras cursivas, garrafais: “Sonhe”.