Autor: Eberth Vêncio

Sugestões de presentes para Amigos Ocultos insuportáveis

Sugestões de presentes para Amigos Ocultos insuportáveis

Saiu com o nome de alguém que você simplesmente não suporta na brincadeira de Amigo Oculto? Não conseguiu trocar o papelzinho sorteado com outra pessoa do grupo? Vai ter mesmo que presentear quem você detesta? Relaxe! De amor e ódio a gente entende. Atendendo a pedidos dos desmancha-prazeres (toda família sempre tem alguém desagradável que não sabe mentir), compilamos uma lista com sugestões de presentes para serem dados a pessoas que você não tolera, mas, por pura obra do destino, foram-lhe sorteadas.

Cuidado ao sair de casa! É natal

Cuidado ao sair de casa! É natal

Eu tava dirigindo pela cidade, digerindo postas de melancolia, quando entrou o homem do rádio e disse “Quisera a vida fosse só viola, sem violência”. Bingo! Eu concordei com ele na horinha. “É natal — ele falou — mesmo assim, apesar do enxame de sorrisos apalermados por onde quer que se ande, urge alertá-los, caros ouvintes, que muitos homens não se sentem menos perversos nessa época do ano. Com sede de maldade, eles não cedem às cócegas da truculência, nem que a rena tussa”.

Motivos pra não me mudar do Brasil

Motivos pra não me mudar do Brasil

As aves. As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá. Ora, não me lancem artilharia pesada. Guardem suas pedras para quebrar as asas da imaginação, que esse mundo não passa mesmo disso: pura ilusão. “É plágio”, vão me acusar. Putz! Não estou plagiando Goncalves Dias, estou citando Goncalves Dias. E por falar na luz do dia, as nossas noites são muito mais lindas que as noites deles. Quem nunca mirou o céu estrelado do centro-oeste brasileiro sem se descobrir pequeno, sem se sentir insignificante, um perdedor, não sabe o que está ganhando.

Paul McCartney fala com exclusividade a Revista Bula

Deu nos jornais que Paul McCartney trouxe chuva ao Brasil. Eu nem precisava ler, pois presenciei parte da coisa bem de perto. Paul derramou lágrimas do céu e chuva dos olhos dos fãs. Na sua passagem por Cariacica, Brasília e São Paulo, ele deu banho de vitalidade e carisma. Salvou o meu ano e, ainda por cima, está me ensinando a relevar a humanidade. Quando vejo Paul McCartney metendo bronca no palco, brilhando como um daqueles rojões que sempre espocam durante a performance ao vivo de “Live and let die”, chego a pensar que o ser humano talvez tenha remédio. “The love you take is equal to the love you make”. É isso aí.

Poesia não enche barriga

Poesia não enche barriga

“Uma mulher que palita os dentes num restaurante não possui a menor credibilidade, muito menos merece um soneto” — pensou cheio de inconformismo, enquanto derramava café expresso no túnel esofágico. Chamou o gerente, reclamou do preço da chuleta, do atendimento do garçom, do calor que fazia ali dentro, da morena que arrancara nacos de carne presos entre os molares, do intestino solto do recepcionista, de qualquer coisa que justificasse o não pagamento da gorjeta pelos serviços prestados.