Autor: Carlos Willian Leite

Cidades da Planície, de Cormac McCarthy

Cidades da Planície, de Cormac McCarthy

Ambientado nos primeiros anos após a Segunda Guerra Mundial, o enredo nos transporta para as vastas e inóspitas terras ao longo da fronteira entre o México e os Estados Unidos. Cole e Parham trabalham numa rústica fazenda de cavalos. O lugar torna-se o palco de uma das narrativas mais melancólicas da literatura americana. A vastidão e a beleza da paisagem, descritas com riqueza de detalhes — uma das marcas de McCarthy, à semelhança do que fez em “Meridiano de Sangue” —, compõem o cenário para a sombria e inimaginável jornada dos dois protagonistas.

Ensaio Sobre o Louco por Cogumelos, de Peter Handke

Ensaio Sobre o Louco por Cogumelos, de Peter Handke

O romance-ensaio é uma reflexão paródica, um espelho que reflete não apenas a peculiar odisseia do protagonista, mas também ressoa com a trajetória pessoal de Peter Handke. Uma alegoria do processo de escrita que revela a beleza e o tormento encontrados na criação literária. O dilema perene entre o impulso incontrolável de expressão criativa e as barreiras impostas tanto pela mente do autor quanto pelas convenções sociais.

O Último Homem Branco, de Mohsin Hamid Foto / Companhia das Letras

O Último Homem Branco, de Mohsin Hamid

Ao despertar em uma manhã, Anders, originalmente de pele clara, acordou para uma realidade inesperada: sua pele havia mudado para um tom marrom escuro incontestável. Esse surpreendente despertar marca o ponto de partida de uma narrativa kafkiana, na qual a transformação física do personagem serve como catalisador para uma profunda revisão de perspectivas. A alteração em sua aparência o conduz por um caminho de descobertas, revelando aspectos da vida e da sociedade que permaneciam ocultos aos seus olhos.

A Vida e Época de Michael K, de J. M. Coetzee

A Vida e Época de Michael K, de J. M. Coetzee

O romance, que rendeu a Coetzee o Man Booker Prize, desvenda a trajetória de um homem que, em meio a uma guerra civil, decide levar sua mãe à fazenda onde ela nasceu, para que ela possa viver seus últimos dias. Transformado em andarilho e entre fugas e prisões, enfrenta campos de reabilitação e é progressivamente despojado dos elementos que o conectam à realidade, mergulhando em um processo instintivo de animalização, mas, ao mesmo tempo, entrando em um estado de esquecimento e plenitude espiritual que transcende o tempo cronológico convencional.

O Filho de Jesus, de Denis Johnson

O Filho de Jesus, de Denis Johnson

Os personagens são profundamente marcados por sentimentos de culpa, remorso e uma evidente ausência de redenção. A narrativa, direta e contundente, pinta um quadro de bares, locais e ruas tão deteriorados quanto os homens que os habitam. Estas figuras irrecuperáveis estão em uma busca incessante por algo que alivie sua existência — seja uma dose em um boteco sujo, uma injeção na veia ou um cachimbo de haxixe —, todos impulsionados pela necessidade primal de seguir existindo.