Autor: Carlos Augusto Silva

Razão e sensibilidade em Romeu e Julieta

Razão e sensibilidade em Romeu e Julieta

Muito mais que uma infeliz história de amor — consumida por seu sucesso, popularizada e consequentemente subestimada —, “Romeu e Julieta” é uma grande demonstração de como nossas escolhas são consequenciais e nunca devemos seguir somente aos impulsos do coração. A peça ainda nos dá, nesse esquema entre o razoável e o sensível, dois caminhos possíveis. Um, o de Mercúcio: cético, amoral, hedonista. Outro, de Frei Lourenço: parcimonioso, frugal e ao mesmo tempo engenhoso e corajoso. Ele nunca sugere a Romeu ou Julieta a contemplação: lutem pela felicidade, mas façam com responsabilidade.

Não há como negar: o amor não existe em SP, mas transborda no Rio

Não há como negar: o amor não existe em SP, mas transborda no Rio

Só a poesia concreta, que se supôs matematicamente realizável, haveria de ser concebida em São Paulo. E não foi. Só mesmo os versos duros de Mário de Andrade — que dizia amar com ódio a cidade que cantou como nenhum outro poeta conseguiu cantar — foram possíveis de cá serem feitos. Só aqui a ousadia que beira a deselegância de um Oswald de Andrade seria vista como inventividade e não insanidade.

Roland Barthes: o pesadelo atual é a apoteose da tragédia

Roland Barthes é o sonho ideal e perfeito do intelectual que eu gostaria de ser. Um crítico literário sim, mas antes de tudo, um homem que serviu à linguagem. Dedicou a sua vida ao estudo dela, amou a humanidade por meio dela. Barthes pesou, mediu, cheirou, sorveu, provou, atritou com a pele o mundo das palavras como poucos de seus pares — se é que ele tem pares —, conseguiram fazer.

Traduzir é trair, sim

Traduzir é trair, sim

Caetano Galindo (1973) é doutor em linguística pela Universidade de São Paulo e professor na Universidade Federal do Paraná. Seu livro de contos “Ensaio sobre o Entendimento Humano” venceu o Prêmio Paraná de Literatura de 2013. Tornou-se um dos mais premiados tradutores brasileiros, vertendo para o português brasileiro autores complexos como Thomas Pynchon, David Foster Wallace e, principalmente, James Joyce. A obra de Joyce encontrou em Galindo um tradutor ao mesmo tempo criativo e preocupado com a inteligibilidade do texto.