Autor: Carlos Augusto Silva

Roland Barthes: o pesadelo atual é a apoteose da tragédia

Roland Barthes é o sonho ideal e perfeito do intelectual que eu gostaria de ser. Um crítico literário sim, mas antes de tudo, um homem que serviu à linguagem. Dedicou a sua vida ao estudo dela, amou a humanidade por meio dela. Barthes pesou, mediu, cheirou, sorveu, provou, atritou com a pele o mundo das palavras como poucos de seus pares — se é que ele tem pares —, conseguiram fazer.

Traduzir é trair, sim

Traduzir é trair, sim

Caetano Galindo (1973) é doutor em linguística pela Universidade de São Paulo e professor na Universidade Federal do Paraná. Seu livro de contos “Ensaio sobre o Entendimento Humano” venceu o Prêmio Paraná de Literatura de 2013. Tornou-se um dos mais premiados tradutores brasileiros, vertendo para o português brasileiro autores complexos como Thomas Pynchon, David Foster Wallace e, principalmente, James Joyce. A obra de Joyce encontrou em Galindo um tradutor ao mesmo tempo criativo e preocupado com a inteligibilidade do texto.

Ler a Bíblia é integridade na sua fé ou ateísmo

Ler a Bíblia é integridade na sua fé ou ateísmo

Praticar religião sem refletir sobre ela, sem estudá-la, talvez tenha sido o grande motivo da perda de tantos católicos para o protestantismo. Eles usam a “Bíblia”, pedem sempre a sua leitura e baseiam muito seus sermões ou homilias em trechos dela; às vezes de maneira certa, às vezes errada; às vezes com a intenção de fazer certo, mas fazendo errado; ou com a intenção de fazer errado e o fazendo propositalmente. Mas eles a leem mais do que os católicos.

A poesia morreu

Quando um grande artista se vai, ele não desaparece. Eternizado em sua obra, permanece para nós, leitores, pobres vivos que passarão, talvez com a sorte de beleza com que passam os passarinhos. Ferreira Gullar, um artista de verdade, um glutão do saber e da cultura, da palavra e do fazer expressivo, que se aventurou na pintura, na música, no teatro, na teledramaturgia, nos movimentos de cultura popular, faleceu hoje, no quarto dia de um mês de Dezembro de 2016, ano custoso de terminar.

A casa de Proust na ‘busca’ de um amigo: quase uma crônica

A casa de Proust na ‘busca’ de um amigo: quase uma crônica

Proust me conhece, e me conheço mais por ele do que por qualquer pessoa que tenha passado pelo meu caminho, mas não porque ele me disse quem sou, e sim justamente pelo contrário. Ele me mostrou como nunca saberei quem sou, porque jamais estarei pronto: serei sempre um breve projeto de gente, arrastando-me, derramando-me, até me perder — caso não haja arte — no tempo.