A máquina do esquecimento: como o Google Discover e a busca redesenharam a internet para o raso — e silenciaram a profundidade
Em silêncio, a internet está sendo reescrita. Não por editores, nem por leitores, mas por linhas de código que decidem o que pode — ou não — ser visto. Reportagens profundas, análises críticas e textos autorais desaparecem dos resultados de busca, soterrados por conteúdos repetitivos, leves e previsíveis. O Google, ao concentrar o poder de curadoria global, não apenas reorganizou o tráfego digital — reorganizou a própria ideia de relevância. Sob o manto da personalização algorítmica, uma nova censura se instalou: invisível, implacável, inquestionável. E a cada dia, milhares de vozes somem da superfície da internet sem deixar vestígios.