Tem gente que jura de pés juntos que não chora vendo filme. Gente que diz que coração é músculo, não órgão poético. Mas até o mais cínico e cético suspira quando a história certa aparece na tela. Aquelas que falam de perdas silenciosas, encontros improváveis e amores que atravessam o tempo. Não importa se você é um ogro de armadura emocional: alguns filmes têm o poder de escorrer pelo canto do olho sem pedir licença. E, sim, alguns deles estão ali, ao alcance de um clique na Netflix.
A beleza desses filmes está justamente no detalhe. Não precisam de grandes efeitos ou reviravoltas mirabolantes. Basta um diálogo verdadeiro, uma trilha bem encaixada, uma atuação que parece abraço. Cada cena carrega uma emoção que escapa pelos poros da história e encontra um jeito de se acomodar no nosso peito. E quando a última cena chega, a gente percebe que ficou mais leve. Ou talvez mais denso. Mas sempre diferente de quando apertamos o play.
Selecionamos cinco títulos que, embora diferentes em temas e estilos, têm uma coisa em comum: são capazes de derreter até o coração mais empedernido. Estão todos disponíveis na Netflix e foram organizados do mais recente ao mais antigo — com empate desempatado por ordem alfabética. Prepare o lenço, o sofá e o coração. Porque, por mais improvável que pareça, até os ogros têm alma.

Neste poderoso drama, Brendan Fraser interpreta Charlie, um homem obeso que tenta reconstruir sua relação com sua filha, enquanto lida com questões de culpa, autodestruição e arrependimento. “A Baleia” é uma jornada emocional imensa, uma história de redescoberta e perdão, onde a performance de Fraser se destaca como uma das mais impactantes de sua carreira. O filme aborda o sofrimento físico e emocional de uma maneira crua, mas também traz à tona a vulnerabilidade e a humanidade de seu protagonista, fazendo o espectador refletir sobre os desafios internos que todos enfrentamos.

Após a perda de um filho, a jovem mãe Lily (Melissa McCarthy) tenta lidar com o luto de uma forma solitária enquanto seu marido (Chris O’Dowd) se encontra em uma instituição de reabilitação. Enquanto tenta reconectar-se com ele, ela se vê confrontada por uma estrela agressiva que ocupa seu jardim, representando o peso da sua dor. O filme explora como o luto pode afetar as pessoas de maneiras inesperadas e como a busca por cura pode se manifestar em momentos de dor profunda. Com uma mistura de drama e leveza, “Um Ninho a Dois” toca em temas de perda, perdão e os pequenos milagres que podem surgir quando menos esperamos.

Emilio, um professor aposentado, descobre que está nos estágios iniciais do Alzheimer. Antes que a memória se perca completamente, ele embarca numa viagem para reencontrar um amor do passado — com a ajuda da filha e da neta. O trio, cheio de mágoas não ditas, se redescobre ao longo da jornada. O que poderia ser um drama sombrio vira um retrato afetuoso e bem-humorado da família, da velhice e do tempo que, embora implacável, também oferece segundas chances. Um filme doce e sincero, que provoca lágrimas e sorrisos na mesma medida.

Baseado numa história real, o filme narra a trajetória de William Kamkwamba, um garoto do Malawi que constrói uma turbina de vento para salvar sua aldeia da fome. Com delicadeza e profundidade, o longa mostra a luta diária de uma família contra a miséria, ao mesmo tempo em que celebra a curiosidade, a esperança e a resiliência. A direção sensível e a atuação comovente de Maxwell Simba transformam a narrativa num tributo ao poder do conhecimento — e ao vínculo entre pai e filho. Inspira e emociona com força.

Neste delicado drama, Adela (Jane Fonda) e Louis (Robert Redford) são dois vizinhos que se aproximam após a morte dos respectivos cônjuges. Com o tempo, eles formam uma amizade, e aos poucos começam a explorar juntos os limites do amor e da solidão na terceira idade. “Nossas Noites” não apela para grandes reviravoltas, mas para um retrato sincero de vidas já bem vividas, onde as relações se transformam e ganham novos significados. O filme é uma meditação sobre o envelhecimento, o amor que vem com o tempo e a importância da companhia, mesmo nas fases mais silenciosas da vida.