Detonado pela crítica, novo filme de Viola Davis estreia no Prime Video, bate recordes e já é o mais assistido de 2025 (até agora) Divulgação / Amazon Prime Video

Detonado pela crítica, novo filme de Viola Davis estreia no Prime Video, bate recordes e já é o mais assistido de 2025 (até agora)

Depois de aventuras ingratas a exemplo de “Código de Conduta” (2009), de F. Gary Gray, seguida de produções esquecíveis e quase marginais, Viola Davis, merecidamente, tornou-se quem sempre deveria ter sido. Seu magnífico desempenho em “Um Limite Entre Nós” (2016), dirigida pelo coprotagonista Denzel Washington e pelo qual venceu o Oscar de Melhor Atriz em 2017, e “A Voz Suprema do Blues” (2020), de George C. Wolfe, cristalizou em Hollywood a ideia de Davis como a afro-americana destemida, capaz de enfrentar toda sorte de prostração e intolerância em sua busca por identidade e reconhecimento, e só isso pode explicar “G20”, sua nova empreitada. Ela já havia se saído bem no gênero ao defender “A Mulher Rei” (2022), a história de uma generala africana que lidera um exército de guerreiras dirigido por Gina Prince-Bythewood, mas no filme de Patricia Riggen nunca deixa de pairar um fumo de oportunismo e contrato infeliz numa produção caça-níquel que se vale do nome de uma das grandes estrelas do cinema hoje só para obter acessos no streaming.

Na pele de Danielle Sutton, uma veterana da Guerra do Iraque (2003-2011) que se elege presidente dos Estados Unidos, Davis nem aparece tanto no decorrer dos 108 minutos de “G20”. Como depreende-se pelo título, o roteiro de Logan Miller, Caitlin Parrish e Erica Weiss concentra-se na cúpula do G20, o conjunto formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das dezenove maiores economias do mundo mais a União Africana e a União Europeia criado em 1999.

Sutton tem a esperança de influir nos rumos das grandes potências e levar seus homólogos a adotar medidas mais responsáveis do ponto de vista da justiça social, porém suas aspirações morrem no ovo, uma vez que terroristas invadem o encontro e não se dão por satisfeitos enquanto não levarem a mandatária americana e seus filhos. Durante o processo de finalização do longa, Kamala Harris ainda era uma candidata viável a abiscoitar a Casa Branca, e aqui qualquer semelhança não é coincidência, malgrado Riggen queira que “G20” se aproxime mais de uma versão feminina e asséptica de “O Protetor” (2014-2023), de Antoine Fuqua. 

Mas nem tudo está perdido. A diretora vale-se de uma sequência na introdução para apresentar  Rutledge, um vilão meio ensaboado que parece ter um gosto especial por surrupiar fortunas em criptomoedas, e nesse instante Riggen também põe na história Serena, um dos filhos de Sutton. Marsai Martin é uma grata surpresa como a filha-problema da presidente, no centro de uma estimulante subtrama envolvendo a oferta de moeda digital a agricultores pobres para “acabar com a fome na África”. Antony Starr, por seu turno, convence como um espião que infiltra-se junto aos seguranças para finalmente chegar a Sutton, irrompendo um jogo de gato e rato que não esquenta o bastante. Fica a sensação de que com “G20” Viola Davis só quis embolsar uns milhões de dólares a mais. 

Filme: G20
Diretor: Patricia Riggen 
Ano: 2025
Gênero: Ação/Thriller
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★
Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.