Se você gostou de “Midsommar”, precisa conhecer esse suspense com Nicole Kidman, que acaba de chegar ao Prime Video Divulgação / Amazon Prime Video

Se você gostou de “Midsommar”, precisa conhecer esse suspense com Nicole Kidman, que acaba de chegar ao Prime Video

Em um mergulho inesperado entre o real e o alucinógeno, “Holland” se revela como uma experiência cinematográfica excêntrica, desafiando expectativas e provocando sensações conflitantes. Sem se enquadrar em um único gênero, o filme conduz o espectador por uma jornada em que o mistério se entrelaça a um universo psicodélico, evocando tanto o terror atmosférico de “Midsommar” quanto o suspense pop de “Pânico”. Nicole Kidman, embora não entregue uma de suas performances mais marcantes, sustenta a narrativa com segurança, acompanhada por um elenco igualmente competente. A trama, que inicia de maneira arrastada e confusa, gradualmente se desdobra em um jogo de revelações e rupturas, intensificado por uma trilha sonora incomum e uma cinematografia que amplifica a sensação de estranheza, como se estivéssemos imersos em uma viagem de ácido. O resultado é um daqueles filmes que não deixam nem a satisfação plena nem a decepção absoluta, mas sim uma inquietante interrogação: “O que foi que acabei de assistir?”

Apesar das críticas divisivas, há elementos inegavelmente fascinantes em “Holland”. A atmosfera construída remete a uma versão estilizada da realidade, capturando com precisão a essência conservadora e contida de Holland, Michigan. Para quem conhece a região, os detalhes da ambientação são perceptíveis: a influência da cultura holandesa, a pronúncia levemente acentuada e o comportamento reservado da população refletem fielmente a cidade. A homenagem aos filmes da década de 1950 na fotografia e na trilha sonora adiciona um charme peculiar à narrativa, enquanto as sequências oníricas elevam a surrealidade da experiência. Embora alguns críticos tenham apontado imprecisões no sotaque dos personagens, vale ressaltar que o elenco é composto por atores de diversas nacionalidades, tornando compreensível a dificuldade em reproduzir com exatidão um padrão específico de fala.

A construção do enredo também merece destaque por sua ambiguidade intrigante. O arco da protagonista, que suspeita da infidelidade do marido enquanto se envolve em sua própria transgressão emocional, adiciona camadas de ironia e tensão à história. A presença de Delgado, um personagem deslocado tanto culturalmente quanto narrativamente, leva uma perspectiva adicional de contraste e desconforto, ampliando o senso de deslocamento da protagonista. A dúvida que paira até os momentos finais  — sobre o que realmente aconteceu ou se tudo não passou de um delírio  — reforça a complexidade psicológica do filme. “Holland” pode não ser uma obra-prima indiscutível, mas sua combinação de elementos excêntricos, performances sólidas e um toque de realismo distorcido faz dele uma experiência estranhamente envolvente, capaz de intrigar aqueles dispostos a embarcar em sua viagem inusitada.

Filme: Holland
Diretor: Mimi Cave
Ano: 2025
Gênero: Thriller
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★