Entre as inúmeras tentativas de revitalizar a comédia romântica, algumas produções oscilam entre o conforto do escapismo e a armadilha da previsibilidade. “Os Altos e Baixos do Amor” ilustra essa dualidade ao oferecer um espetáculo visual encantador e um elenco afinado, mas tropeçar em uma narrativa que falta frescor e impacto emocional genuíno. Filmado na pitoresca ilha de Gotland, o longa se apoia fortemente em cenários de cartão-postal, que funcionam como um atrativo para quem busca entretenimento descomplicado. No entanto, a estética exuberante não compensa a falta de ousadia na construção da história, que se mantém na superfície das relações que propõe explorar.
A trama parte de uma premissa promissora: um casal de Estocolmo à beira do matrimônio enfrenta obstáculos que deveriam alimentar tanto a comédia quanto o drama. No entanto, o filme opta por um caminho seguro, apostando em uma sequência de desentendimentos e equívocos previsíveis que ecoam fórmulas já desgastadas do gênero. Em vez de subverter clichês ou explorar nuances culturais com inteligência, a narrativa segue um itinerário conhecido, onde os conflitos familiares servem mais como um artifício narrativo do que como um reflexo autêntico das complexidades humanas. As piadas, quando funcionam, dependem mais da identificação pessoal do espectador com a premissa do que de um humor verdadeiramente engenhoso.
O elenco se esforça para dar autenticidade ao material disponível. Há química entre os protagonistas e um empenho perceptível em tornar suas interações críveis, mas a superficialidade dos personagens limita o alcance emocional da história. As relações familiares, que poderiam ter sido um dos pontos altos do filme, são desenvolvidas de maneira apressada, deixando de lado a possibilidade de explorar conflitos internos e evoluções psicológicas com profundidade. Assim, o que poderia ser um estudo interessante sobre as dinâmicas afetivas se reduz a um conjunto de interações previsíveis que carecem de impacto duradouro.
Um dos poucos aspectos em que o filme demonstra um cuidado maior é sua trilha sonora, bem selecionada e inserida com precisão para criar uma atmosfera agradável. No entanto, esse recurso, embora eficaz, não é suficiente para compensar a ausência de uma construção narrativa mais envolvente. Além disso, a insistência em destacar pontos turísticos e marcas comerciais dá ao longa uma impressão de peça publicitária disfarçada de ficção, um detalhe que, embora compreensível do ponto de vista mercadológico, compromete a imersão do espectador na história.
No conjunto, “Os Altos e Baixos do Amor” se alinha a uma tendência recorrente em produções escandinavas recentes distribuídas por plataformas de streaming: tecnicamente bem executado, mas sem a ousadia necessária para se destacar dentro do gênero. Para um público que busca apenas um passatempo agradável, a experiência pode ser satisfatória, desde que não haja grandes expectativas quanto à originalidade do enredo ou à profundidade do humor. No entanto, aqueles que apreciam comédias românticas que combinam leveza e inteligência perceberão rapidamente a ausência de um diferencial marcante. O resultado final é uma produção competente, mas esquecível, que reafirma convenções sem trazer novos olhares ou emoções autênticas ao gênero.
★★★★★★★★★★