Se você ainda não viu, está na hora de começar a ver essa série icônica que fez história e arrebanhou milhares de fãs no mundo todo, na Netflix Divulgação / HBO

Se você ainda não viu, está na hora de começar a ver essa série icônica que fez história e arrebanhou milhares de fãs no mundo todo, na Netflix

Poucas produções televisivas capturaram com tanta precisão e franqueza os desafios dos relacionamentos modernos como “Sex and the City”. Ao longo de seis temporadas e 94 episódios, a série não apenas acompanhou a trajetória amorosa e profissional de Carrie Bradshaw, Miranda Hobbes, Charlotte York e Samantha Jones, mas também ofereceu uma análise perspicaz das complexidades emocionais e sociais que permeiam a vida urbana. Sob a perspectiva de Carrie, interpretada por Sarah Jessica Parker, cada episódio se desdobrava como uma crônica arguta sobre os paradoxos do amor, da intimidade e da autodescoberta, equilibrando humor e reflexão.

Para muitos espectadores, especialmente os homens, “Sex and the City” pode parecer, à primeira vista, um universo distante, dominado por conversas sobre moda, relacionamentos e expectativas sentimentais. No entanto, é justamente essa transparência na abordagem feminina que torna a série surpreendentemente esclarecedora. Enquanto os homens, em geral, tendem a expressar emoções de forma mais contida, as protagonistas verbalizam seus sentimentos com uma sinceridade desconcertante, expondo nuances que frequentemente passam despercebidas. A série destaca, de maneira quase didática, como as mulheres analisam gestos, palavras e silêncios, enquanto muitos homens adotam uma comunicação mais direta e pragmática. Essa diferença fundamental de percepção gera não apenas conflitos, mas também momentos de humor e autoconhecimento.

Cada uma das protagonistas personifica arquétipos femininos que desafiam convenções e expectativas. Charlotte, por exemplo, representa o romantismo clássico, uma mulher que cresceu acreditando em contos de fadas e que, ao longo da série, se vê forçada a confrontar a dura realidade dos relacionamentos imperfeitos. Sua jornada desde o casamento frustrado com Trey MacDougall até o inesperado amor por Harry Goldenblatt reflete a desconstrução de ideais amorosos ingênuos. Miranda, por outro lado, é o contraponto cético: uma advogada independente que, apesar de sua aversão às vulnerabilidades do amor, encontra em Steve Brady uma conexão genuína que desafia suas convicções. Samantha, com sua postura ousada e sua recusa em se prender a normas tradicionais, encarna a liberdade feminina em sua forma mais radical, até ser confrontada por um relacionamento que testa seus próprios limites. E Carrie, sempre dividida entre paixões intensas e incertezas existenciais, serve como fio condutor dessa jornada de autoconhecimento, equilibrando romantismo e pragmatismo.

O que diferencia “Sex and the City” de outras produções sobre relacionamentos não é apenas a complexidade de suas personagens, mas a maneira como suas histórias são narradas. A narração de Carrie confere um tom intimista à série, transformando cada episódio em uma reflexão pessoal sobre amor, amizade e independência. Mais do que uma comédia romântica sofisticada, a série constrói um retrato honesto e muitas vezes brutal das relações contemporâneas, explorando desde dilemas sexuais até questionamentos sobre envelhecimento, maternidade e solidão.

Embora inicialmente voltada para um público feminino, a série transcende essa categorização ao oferecer um olhar universal sobre as dificuldades da vida adulta. Seu mérito reside na capacidade de equilibrar entretenimento e análise social, expondo não apenas as fragilidades femininas, mas também os equívocos masculinos, como a imaturidade emocional, a resistência ao compromisso e a comunicação truncada. Ao fazer isso, “Sex and the City” se estabelece como uma das produções mais relevantes sobre relacionamentos já exibidas na televisão.

Ao longo de suas temporadas, a série construiu momentos icônicos que vão além do glamour de Nova York ou das roupas extravagantes de Carrie. Entre diálogos espirituosos e cenas carregadas de emoção, ela captura com maestria as nuances do amor e da amizade. Para quem já experimentou a euforia da paixão, a dor do rompimento ou a incerteza do futuro, “Sex and the City” não é apenas uma série: é um espelho sensível das complexidades do coração humano.

Filme: Sex and The City
Diretor: Darren Star
Ano: 1998
Gênero: Comédia/Romance
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★