Muitas vezes, grandes problemas podem ser resolvidos com pequenas viagens, ainda que ninguém garanta que novas questões e ainda mais absorventes que as anteriores não surjam, exigindo soluções definitivas que, talvez, nem façam mais tanto sentido. Nada é tão terapêutico para alguém que atravessa uma daquelas aniquiladoras crises existenciais da juventude que pensar nas mil esperanças que guardam novas atitudes e posturas que rompem com tudo de certo que pensávamos fazer, e “A Lista da Minha Vida” revela-se uma história cheia de lances tensos, apesar de amaciados pelo elenco, belo e jovem, e pela condução quase farsesca. A recidiva de um câncer agressivo junta uma mãe e sua filha caçula, e a partir desse argumento cheio de possibilidades o diretor Adam Brooks elabora uma história dotada de lances ora esperados, ora surpreendentes, mas sempre vívidos, com muito espaço para o mais ingênuo amor romântico.
Malgrado toda a infelicidade que pode existir no estar no mundo, uma ideia se reveste da aura de verdade absoluta quando se fala em vida ou morte: ao menor sinal de aperto, quase todos decidimos pela primeira, não obstante sintamos a ubiquidade mordaz da indesejada das gentes a nos perscrutar, sempre covarde, por mais que nos escondamos. Em maior ou menor intensidade, estamos todos — homens e mulheres; crianças e adultos; jovens e velhos — irremediavelmente presos na teia imensa que nos liga e torna-nos dependentes uns dos outros, até que movimentos contrários ao nosso desejo começam a agir com força cada vez mais incontrolável e atiram-nos aos limbos particulares aos quais nos apegamos com gosto.
Elizabeth bem queria ter o poder de decidir ficar um pouco mais, porém a volta de um câncer tratado recentemente determina sua ida precoce e, antes que tudo se desvaneça, ela grava uma sequência de DVDs (lembra deles?) dizendo o que a filha, Alex, deverá fazer caso queira ganhar sua parte na herança. Brooks e a corroteirista Lori Nelson Spielman põem a imaginação para trabalhar e bombardeiam a pobre mocinha com inegáveis pedidos de uma mãe já morta como voltar a uma carreira de que se despediu meio melancolicamente, aprender a tocar piano e, a mais importante e, talvez impossível, encontrar o amor verdadeiro.
No primeiro ato, “A Lista da Minha Vida” funciona com base nas interações entre Elizabeth, de Connie Britton, e Alex, a atormentada anti-heroína de Sofia Carson, tentando desesperadamente livrar-se de um namorado que não ama — embora ela não o saiba. Quando entra em cena Bradley, o advogado imbuído de fiscalizar se Alex está levando a sério o desafio, tudo muda de repente, e o filme passa ao andamento clássico das comédias românticas e seus inúmeros vaivéns, com Carson e Kyle Allen cada vez mais afinados. Se alguém pensou que Elizabeth era uma bruxa por despejar sobre a filha responsabilidades que não diziam-lhe respeito, Brooks guarda uma pequena reviravolta, estimulante o suficiente para que também lhe devotemos uma dose de simpatia.
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