Cancele seus planos: chegou à Netflix o romance irresistível que vai prender você em casa neste final de semana Divulgação / Netflix

Cancele seus planos: chegou à Netflix o romance irresistível que vai prender você em casa neste final de semana

Muitas vezes, grandes problemas podem ser resolvidos com pequenas viagens, ainda que ninguém garanta que novas questões e ainda mais absorventes que as anteriores não surjam, exigindo soluções definitivas que, talvez, nem façam mais tanto sentido. Nada é tão terapêutico para alguém que atravessa uma daquelas aniquiladoras crises existenciais da juventude que pensar nas mil esperanças que guardam novas atitudes e posturas que rompem com tudo de certo que pensávamos fazer, e “A Lista da Minha Vida” revela-se uma história cheia de lances tensos, apesar de amaciados pelo elenco, belo e jovem, e pela condução quase farsesca. A recidiva de um câncer agressivo junta uma mãe e sua filha caçula, e a partir desse argumento cheio de possibilidades o diretor Adam Brooks elabora uma história dotada de lances ora esperados, ora surpreendentes, mas sempre vívidos, com muito espaço para o mais ingênuo amor romântico.

Malgrado toda a infelicidade que pode existir no estar no mundo, uma ideia se reveste da aura de verdade absoluta quando se fala em vida ou morte: ao menor sinal de aperto, quase todos decidimos pela primeira, não obstante sintamos a ubiquidade mordaz da indesejada das gentes a nos perscrutar, sempre covarde, por mais que nos escondamos. Em maior ou menor intensidade, estamos todos — homens e mulheres; crianças e adultos; jovens e velhos — irremediavelmente presos na teia imensa que nos liga e torna-nos dependentes uns dos outros, até que movimentos contrários ao nosso desejo começam a agir com força cada vez mais incontrolável e atiram-nos aos limbos particulares aos quais nos apegamos com gosto. 

Elizabeth bem queria ter o poder de decidir ficar um pouco mais, porém a volta de um câncer tratado recentemente determina sua ida precoce e, antes que tudo se desvaneça, ela grava uma sequência de DVDs (lembra deles?) dizendo o que a filha, Alex, deverá fazer caso queira ganhar sua parte na herança. Brooks e a corroteirista Lori Nelson Spielman põem a imaginação para trabalhar e bombardeiam a pobre mocinha com inegáveis pedidos de uma mãe já morta como voltar a uma carreira de que se despediu meio melancolicamente, aprender a tocar piano e, a mais importante e, talvez impossível, encontrar o amor verdadeiro.

No primeiro ato, “A Lista da Minha Vida” funciona com base nas interações entre Elizabeth, de Connie Britton, e Alex, a atormentada anti-heroína de Sofia Carson, tentando desesperadamente livrar-se de um namorado que não ama — embora ela não o saiba. Quando entra em cena Bradley, o advogado imbuído de fiscalizar se Alex está levando a sério o desafio, tudo muda de repente, e o filme passa ao andamento clássico das comédias românticas e seus inúmeros vaivéns, com Carson e Kyle Allen cada vez mais afinados. Se alguém pensou que Elizabeth era uma bruxa por despejar sobre a filha responsabilidades que não diziam-lhe respeito, Brooks guarda uma pequena reviravolta, estimulante o suficiente para que também lhe devotemos uma dose de simpatia.

Filme: A Lista da Minha Vida
Diretor: Adam Brooks
Ano: 2025
Gênero: Comédia/Romance
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.