Elegante e inteligente — thriller de máfia que parece uma partida de xadrez, na Netflix Divulgação / Focus Features

Elegante e inteligente — thriller de máfia que parece uma partida de xadrez, na Netflix

“O Alfaiate” resgata a essência do suspense clássico sem recorrer a artifícios excessivos. Dirigido por Graham Moore, o longa se estrutura a partir de uma abordagem minimalista, sustentando-se em um único cenário e na força de diálogos meticulosamente construídos. A tensão cresce de maneira orgânica, sem pressa, guiada pelo talento de seus intérpretes e pelo rigor narrativo de um roteiro que entende a importância da sutileza.

A trama se desenrola dentro da alfaiataria de Leonard, um costureiro britânico vivido com precisão cirúrgica por Mark Rylance. O personagem, à primeira vista, exala a tranquilidade metódica de um artesão que domina sua arte com absoluta maestria. No entanto, conforme os acontecimentos avançam, o roteiro insinua camadas mais profundas, revelando um homem cuja serenidade esconde um olhar atento e uma mente afiada. Rylance entrega uma performance onde cada gesto e pausa comunicam mais do que as palavras, transformando a contenção em uma arma narrativa poderosa. Seu personagem não é apenas um espectador dos eventos ao seu redor — ele os compreende, os manipula e, quando necessário, os redireciona a seu favor.

O domínio do espaço cênico é uma especialidade do filme. Inspirando-se em mestres como Alfred Hitchcock, Moore utiliza a ambientação restrita para amplificar a sensação de clausura e perigo iminente. Cada objeto dentro da alfaiataria tem um propósito narrativo, cada movimento é calculado para servir ao desdobramento da história. O conceito da “arma de Chekhov” é aplicado com precisão, transformando detalhes inicialmente imperceptíveis em peças essenciais para as reviravoltas que se acumulam com habilidade ao longo da trama. O filme se reinventa a cada nova revelação, forçando o espectador a reavaliar constantemente o que sabe sobre seus personagens e suas motivações.

O elenco secundário se integra perfeitamente a essa dinâmica. Zoey Deutch vive uma recepcionista espirituosa e astuta, que adiciona camadas de complexidade à história sem jamais soar caricatural. Dylan O’Brien e Johnny Flynn, por sua vez, incorporam figuras que transitam entre a ameaça velada e a impulsividade descontrolada, estabelecendo um jogo de poder que mantém o suspense pulsante. Cada interação entre os personagens carrega um peso dramático significativo, fazendo com que os diálogos assumam uma função quase teatral, onde cada palavra pode alterar drasticamente o rumo da narrativa.

A direção de arte e a fotografia operam em harmonia com essa proposta de contenção estilística. Nada aqui é grandiloquente ou desnecessariamente ornamental. A fotografia privilegia o jogo de luz e sombra, evocando a atmosfera dos thrillers noir sem cair no pastiche. O uso do espaço dentro da alfaiataria não é apenas um elemento visual, mas uma ferramenta fundamental na construção da tensão, convertendo o cenário em um campo de batalha psicológico.

“O Alfaiate” não apela para cenas de ação desenfreadas ou para reviravoltas forçadas. Ele se sustenta na força de sua escrita, na precisão de suas atuações e na engenhosidade de sua estrutura. O filme é uma prova de que o verdadeiro impacto narrativo não está na grandiosidade, mas na inteligência com que se manipula os elementos essenciais da história. “O Alfaiate” desafia as convenções do suspense contemporâneo e demonstra que, quando bem executado, o minimalismo pode ser tão envolvente quanto qualquer espetáculo visual.“O Alfaiate” resgata a essência do suspense clássico sem recorrer a artifícios excessivos. Dirigido por Graham Moore, o longa se estrutura a partir de uma abordagem minimalista, sustentando-se em um único cenário e na força de diálogos meticulosamente construídos. A tensão cresce de maneira orgânica, sem pressa, guiada pelo talento de seus intérpretes e pelo rigor narrativo de um roteiro que entende a importância da sutileza.

A trama se desenrola dentro da alfaiataria de Leonard, um costureiro britânico vivido com precisão cirúrgica por Mark Rylance. O personagem, à primeira vista, exala a tranquilidade metódica de um artesão que domina sua arte com absoluta maestria. No entanto, conforme os acontecimentos avançam, o roteiro insinua camadas mais profundas, revelando um homem cuja serenidade esconde um olhar atento e uma mente afiada. Rylance entrega uma performance onde cada gesto e pausa comunicam mais do que as palavras, transformando a contenção em uma arma narrativa poderosa. Seu personagem não é apenas um espectador dos eventos ao seu redor — ele os compreende, os manipula e, quando necessário, os redireciona a seu favor.

O domínio do espaço cênico é uma especialidade do filme. Inspirando-se em mestres como Alfred Hitchcock, Moore utiliza a ambientação restrita para amplificar a sensação de clausura e perigo iminente. Cada objeto dentro da alfaiataria tem um propósito narrativo, cada movimento é calculado para servir ao desdobramento da história. O conceito da “arma de Chekhov” é aplicado com precisão, transformando detalhes inicialmente imperceptíveis em peças essenciais para as reviravoltas que se acumulam com habilidade ao longo da trama. O filme se reinventa a cada nova revelação, forçando o espectador a reavaliar constantemente o que sabe sobre seus personagens e suas motivações.

O elenco secundário se integra perfeitamente a essa dinâmica. Zoey Deutch vive uma recepcionista espirituosa e astuta, que adiciona camadas de complexidade à história sem jamais soar caricatural. Dylan O’Brien e Johnny Flynn, por sua vez, incorporam figuras que transitam entre a ameaça velada e a impulsividade descontrolada, estabelecendo um jogo de poder que mantém o suspense pulsante. Cada interação entre os personagens carrega um peso dramático significativo, fazendo com que os diálogos assumam uma função quase teatral, onde cada palavra pode alterar drasticamente o rumo da narrativa.

A direção de arte e a fotografia operam em harmonia com essa proposta de contenção estilística. Nada aqui é grandiloquente ou desnecessariamente ornamental. A fotografia privilegia o jogo de luz e sombra, evocando a atmosfera dos thrillers noir sem cair no pastiche. O uso do espaço dentro da alfaiataria não é apenas um elemento visual, mas uma ferramenta fundamental na construção da tensão, convertendo o cenário em um campo de batalha psicológico.

“O Alfaiate” não apela para cenas de ação desenfreadas ou para reviravoltas forçadas. Ele se sustenta na força de sua escrita, na precisão de suas atuações e na engenhosidade de sua estrutura. O filme é uma prova de que o verdadeiro impacto narrativo não está na grandiosidade, mas na inteligência com que se manipula os elementos essenciais da história. “O Alfaiate” desafia as convenções do suspense contemporâneo e demonstra que, quando bem executado, o minimalismo pode ser tão envolvente quanto qualquer espetáculo visual.

Filme: O Alfaiate
Diretor: Graham Moore
Ano: 2022
Gênero: Crime/Drama/Mistério/Thriller
Avaliação: 9/10 1 1
★★★★★★★★★