Harlan Coben, um dos mais renomados arquitetos do thriller contemporâneo, amplia sua parceria com a Netflix ao inaugurar um novo território narrativo: a América Latina. “Cilada” surge como a primeira adaptação de uma de suas obras para esse cenário, levando sua inconfundível assinatura para um contexto inédito. Sob a direção de Miguel Cohan, a minissérie transporta a trama de Nova Jersey para San Carlos de Bariloche, na Patagônia, um local onde a grandiosidade das paisagens naturais se contrasta com um sentimento latente de isolamento, compondo o ambiente ideal para um suspense de tirar o fôlego.
No centro da história está Ema Garay, interpretada por Soledad Villamil, uma jornalista que construiu sua reputação ao expor criminosos que escapam da justiça. Sua nova investigação a conduz ao desaparecimento de uma adolescente de 16 anos, e todas as pistas apontam para Leo Mercer, um assistente social acima de qualquer suspeita. À medida que se aprofunda no caso, Ema percebe que não está apenas desvendando um mistério alheio, mas também sendo confrontada por sombras do próprio passado. A narrativa, fiel à essência dos thrillers de Coben, desenvolve-se em um jogo de revelações inesperadas, onde cada nova descoberta altera radicalmente a compreensão dos eventos.
A escolha de Bariloche como cenário não é meramente estética. Miguel Cohan utiliza magistralmente a geografia do local para amplificar a atmosfera de tensão, transformando a beleza das montanhas e dos lagos em uma prisão a céu aberto. A sensação de imensidão e clausura coexistem, intensificando a inquietação que permeia cada cena. A direção de Cohan, ao lado de Hernán Goldfrid, imprime um olhar cinematográfico à série, equilibrando estética sofisticada e ritmo narrativo implacável.
O elenco, além de Villamil, reúne nomes como Alberto Ammann, Matías Recalt, Fernán Mirás, Mike Amigorena e Carmela Rivero. O roteiro, assinado por Miguel Cohan, Ana Cohan, María Meira e Gonzalo Salaya, constrói personagens multifacetados, cujas motivações e dilemas adicionam densidade psicológica ao enredo. A complexidade das relações interpessoais se entrelaça com o mistério central, tornando cada episódio um novo labirinto a ser desvendado.
“Cilada” entra para o crescente catálogo de adaptações de Coben na Netflix, que já conta com sucessos como “Fique Comigo”, “O Inocente” e “Desaparecido Para Sempre”. Ao transpor sua narrativa para o contexto latino-americano, a série expande o alcance global de suas histórias e reforça a versatilidade de seus enredos, que transcendem barreiras geográficas sem perder a força essencial do suspense.
Mais do que uma adaptação, “Cilada” evidencia a maleabilidade das tramas de Coben e o apelo universal de seu estilo narrativo. O êxito dessa incursão latino-americana pode abrir caminho para novas produções ambientadas em diferentes partes do mundo, provando que o thriller, quando bem elaborado, é um idioma que ressoa em qualquer cultura. Com projetos como “Run Away” e “I Will Find You” já em desenvolvimento, a aliança entre Coben e a Netflix segue firme, prometendo entregar ainda mais histórias eletrizantes para um público ávido por tensão, mistério e reviravoltas que desafiam as expectativas.
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