Comédia romântica com Scarlett Johansson e Channing Tatum já ocupa o ranking global da Apple TV+ há 110 dias Dan McFadden / Apple TV+

Comédia romântica com Scarlett Johansson e Channing Tatum já ocupa o ranking global da Apple TV+ há 110 dias

O cinema sempre teve a capacidade de reinterpretar eventos históricos, moldando-os para criar narrativas envolventes que equilibram realidade e ficção. “Como Vender a Lua”, dirigido por Greg Berlanti, insere-se nesse contexto ao explorar a missão Apollo 11 por meio de uma perspectiva que mescla humor, romance e um toque de conspiração. Ao invés de se ater à exatidão dos fatos, o filme opta por uma abordagem que privilegia o entretenimento, evocando um estilo de comédia romântica que há tempos não recebe destaque nas grandes produções.

O enredo se desenvolve a partir de uma premissa instigante: enquanto os Estados Unidos correm para concretizar o primeiro pouso na Lua, uma estrategista de marketing (Scarlett Johansson) é contratada para garantir que o evento tenha o impacto midiático desejado. Paralelamente, um diretor de lançamento da NASA (Channing Tatum) se vê diante do desafio de equilibrar as pressões institucionais com a integridade científica. A tensão entre os dois evolui para uma dinâmica cativante, impulsionada por diálogos afiados e uma interação que oscila entre rivalidade profissional e atração inevitável.

A presença de Scarlett Johansson dá ao filme um charme particular. Sua performance alia inteligência e carisma, tornando sua personagem uma força motriz da narrativa. Já Channing Tatum, embora entregue uma atuação competente, por vezes destoa do ambiente retratado, como se sua presença não estivesse plenamente integrada à atmosfera dos anos 1960. Woody Harrelson, no papel de um oficial do governo com intenções ambíguas, adiciona complexidade ao enredo, enquanto Jim Rash oferece alívio cômico sem descambar para exageros.

erlanti demonstra um apreço meticuloso pela recriação da época. O uso de técnicas como tela dividida e a inserção de material de arquivo dão um caráter autêntico à obra, transportando o espectador para um período em que a corrida espacial simbolizava tanto um feito científico quanto um espetáculo geopolítico. A trilha sonora de Daniel Pemberton complementa essa ambientação, trazendo uma textura sonora que amplifica a nostalgia e reforça a imersão.

No entanto, se há um ponto em que “Como Vender a Lua” poderia ter sido mais ousado, é na condução do clímax. Dado o peso histórico da missão Apollo 11, a encenação da possível reconstituição do pouso carece de uma grandiosidade à altura do evento. O filme constrói um caminho envolvente, mas hesita em levar sua proposta ao extremo, optando por uma resolução funcional, porém sem o impacto que poderia elevar a experiência a outro patamar.

Ainda assim, reduzir “Como Vender a Lua” a uma questão de fidelidade histórica seria desconsiderar sua verdadeira proposta. Assim como clássicos da comédia brincam com premissas improváveis sem comprometer sua eficácia narrativa, este filme opera dentro de uma lógica similar. Sua força está na leveza e na química entre os protagonistas, tornando-se uma opção atrativa para quem busca uma produção despretensiosa, mas visualmente sofisticada.

Berlanti entrega um filme que resgata elementos de um tipo de narrativa que há muito tempo não ganha espaço nos grandes estúdios. “Como Vender a Lua” não busca ser um tratado sobre a corrida espacial, mas uma comédia romântica habilmente construída sobre um dos momentos mais emblemáticos da história. E, nesse sentido, cumpre seu papel com charme e eficiência.

Filme: Como Vender a Lua
Diretor: Greg Berlanti
Ano: 2024
Gênero: Comédia/Romance
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★